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A linha do tempo das violações do cessar-fogo no Oriente Médio, segundo Israel

Países trocaram acusações de quebrarem termos da trégua anunciada por Trump, segundo quem ela ainda está de pé

Por Amanda Péchy SEGUIR SEGUINDO 24 jun 2025, 10h52

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu - 13/06/2025 (GPO/AFP)

Irã e Israel trocaram acusações nesta terça-feira, 24, de violações dos termos do cessar-fogo anunciado na véspera pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Autoridades em Tel Aviv denunciaram primeiro que as forças iranianas conduziram ataques contra seu território, o que Teerã negou. Depois do ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciar uma retaliação ao país inimigo, um telefonema do chefe da Casa Branca fez o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reduzir o número de alvos atingidos. O Irã, por sua vez, afirmou que Israel, com isso, quebrou a trégua.

Trump denunciou ambos países por violações e, num telefonema com Netanyahu depois dos ataques retaliatórios, deu um puxão de orelha no líder israelense – que se justificou dizendo que um bombardeio iraniano não poderia ficar sem resposta. O presidente americano, porém, reiterou que o cessar-fogo “está em vigor”.

Segundo comunicado do gabinete de Netanyahu, antes do início da trégua, marcado para as 7h00 locais desta terça (1h00 em Brasília), Israel atacou o coração de Teerã “violentamente” às 3h00 locais, atingindo alvos do regime e eliminando “centenas” de membros da Basij, uma milícia paramilitar voluntária fundada pelos aiatolás, e das forças de segurança iranianas.

Pouco antes das 7h00, antes do cessar-fogo entrar em vigor oficialmente, o Irã respondeu com uma saraivada de mísseis, um dos quais matou quatro israelenses em Bersheva. De acordo com autoridades israelenses, porém, às 7h06, as forças iranianas lançaram um míssil contra seu país e, às 10h25, mais dois mísseis adicionais.

“Esses mísseis foram interceptados ou caíram em áreas abertas, sem causar vítimas ou danos”, afirmou o comunicado do gabinete de Netanyahu.

Segundo o texto, a Força Aérea de Israel então disparou, “em resposta às violações do Irã”, destruindo uma instalação de radar perto de Teerã.

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Trump nos bastidores

Antes do ataque retaliatório israelense, Trump apelou a Netanyahu para que não avançasse com a ofensiva no Irã, informou uma fonte israelense, sob condição de anonimato, ao site de notícias americano Axios. O premiê, por sua vez, respondeu que não cancelaria os bombardeios porque o Irã havia violado o cessar-fogo. Ele, contudo, teria concedido que o ataque seria restrito e atingiria apenas um alvo.

Após as explosões em Teerã, o líder americano voltou a ligar para o israelense. A bordo do Air Force One, a caminho da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em Haia, Trump “não mediu palavras”, afirmou a agência de notícias The Associated Press, com base em informações de um funcionário da Casa Branca.

Ele, segundo a fonte, foi “excepcionalmente firme e direto com o primeiro-ministro Netanyahu sobre o que precisava acontecer para sustentar o cessar-fogo”. O funcionário disse que o primeiro-ministro compreendeu as ressalvas de Trump e a gravidade da situação. Parece ter dado certo.

“Após a conversa do presidente Trump com o primeiro-ministro Netanyahu, Israel se absteve de novos ataques”, comunicou o gabinete de Bibi.

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Críticas de Trump

Trump afirmou nesta terça-feira que tanto Israel quanto o Irã violaram os termos do cessar-fogo que ele havia anunciado na véspera, com ataques após o prazo final para cessar as hostilidades. Conversando com repórteres na Casa Branca antes de partir para a cúpula da Otan, Trump expressou decepção com a continuidade das hostilidades.

“Eles (os iranianos) violaram, mas Israel também violou”, disse ele. “Não estou feliz com Israel”, acrescentou, dizendo que o Exército israelense “descarregou” bombas “logo após concordar com o acordo”.

Em relação a Teerã , o presidente americano afirmou que a capacidade nuclear do país acabou e que jamais conseguiria reconstruir seu programa nuclear.

“Temos dois países que lutam tanto e por tanto tempo que não sabem o que estão fazendo”, disse Trump, furioso, sobre as nações do Oriente Médio que entraram em conflito em 13 de junho.

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O presidente afirmou não acreditar que o cessar-fogo tenha ido por água abaixo. Mas expressou particular insatisfação com Tel Aviv, que, segundo ele, violou rapidamente a trégua.

“Israel, assim que fechamos o acordo, eles saíram e lançaram uma carga de bombas, como nunca vi antes. A maior carga que já vimos”, disse ele. “Preciso acalmar Israel agora”.

“Não estou satisfeito com Israel. Sabe, quando eu digo ‘OK, agora você tem 12 horas’, você não sai na primeira hora, simplesmente larga tudo o que tem, então não estou satisfeito com eles. Também não estou satisfeito com o Irã”, completou.

Pouco depois das declarações, ele lançou um alerta aos israelenses para não lançarem mais bombas contra o território iraniano (“Se o fizerem, é uma grave violação”, escreveu na Truth Social) e afirmou que os pilotos de aviões de guerra de Israel já estavam dando meia volta e “voltando para casa”.