A líderes sul-americanos, Lula pede união e critica ‘divisões ideológicas’
Presidente destacou ainda instrumentos como a Unasul como forma de promover integração
Em discurso de boas-vindas a presidentes da América do Sul presentes em cúpula nesta terça-feira, 30, em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a necessidade de integração e união regional, sobretudo através de instrumentos como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), para deixar de lado a polarização que dominou o continente nos últimos anos.
“Deixamos que ideologias nos dividissem. Todos saímos perdendo”, disse Lula. “Entendemos que a integração é essencial para fortalecimento da América Latina. Uma América do Sul forte, confiante e politicamente organizada amplia possibilidades de afirmar no plano internacional uma verdadeira identidade latino-americana e caribenha.”
Segundo o presidente, laços foram consolidados por “meio de amplos diálogos políticos, que acomodaram as diferenças e permitiram identificar denominadores comuns”.
“Implementamos iniciativas de cooperação em áreas como saúde, infraestrutura e defesa. Essa integração também contribuiu para ganhos comerciais importantes. Formamos uma robusta área de livre comércio, cujas cifras alcançaram valor recorde de US$ 124 bi em 2011”, destacou.
Uma nova política de integração da América do Sul sempre esteve entre as prioridades do governo, e o petista vê a revitalização da Unasul como o caminho mais acertado para se colocar como líder desse movimento. Em abril, o governo oficializou o retorno do Brasil à entidade.
Participam da reunião desta terça em Brasília os líderes Alberto Fernández (Argentina), Luís Arce (Bolívia), Gabriel Boric (Chile), Gustavo Petro (Colômbia), Guillermo Lasso (Equador), Irfaan Ali (Guiana), Mário Abdo Benítez (Paraguai), Chan Santokhi (Suriname), Luís Lacalle Pou (Uruguai) e Nicolás Maduro (Venezuela). O Peru será representado pelo presidente do chefe do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, uma vez que a presidente Dina Boluarte está legalmente impedida de deixar o país.
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Após o discurso de abertura feito por Lula, os convidados farão falas de 15 minutos cada. Na parte da tarde, está prevista uma conversa mais informal, em formato reduzido, em que cada presidente será acompanhado pelo respectivo chanceler e apenas um ou dois assessores.
À noite, os chefes de Estado e delegações participarão de um jantar oferecido pelo presidente Lula e pela primeira-dama Janja da Silva no Palácio da Alvorada.
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Segundo a embaixadora Gisela Figueiredo Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores, as principais pautas, além da integração, são em torno de questões comuns nas áreas de saúde, infraestrutura, energia, meio ambiente e combate ao crime organizado.
“A ideia é retomar o diálogo e a cooperação com países sul-americanos. Identificar denominadores comuns. A região dispõe de capacidades que serão chaves no futuro da humanidade, como recursos naturais, água, minérios, área para produção de alimentos. Uma agenda concreta de cooperação pode ser iniciada imediatamente”, disse a embaixadora, durante um briefing sobre o encontro no Itamaraty.