A China não para: ponte mais alta do mundo é inaugurada no país
A Huajiang Grand Canyon se eleva a 625 metros (o dobro da altura da Torre Eiffel) acima do Rio Beipan

Não provoca grande espanto dizer que a China é feita de superlativos. Mas cabe, sim, destacar um dado impressionante: na montanhosa província de Guizhou, no sudoeste do país, há 32 000 pontes já construídas ou em construção, sem as quais a movimentação de pessoas e produtos ainda estaria amarrada ao passado. A novidade: no domingo 28, foi inaugurada a Huajiang Grand Canyon, que se eleva a 625 metros (o dobro da altura da Torre Eiffel) acima do Rio Beipan e atravessa 2 890 metros ao longo do desfiladeiro. É a mais alta do mundo, celebrada na estreia por carros que iam e viam de um lado para o outro e por equipes de esportistas radicais dadas a praticar rapel na estrutura metálica. É bom lembrar que a grandeza não é gratuita, como ocorre em alguns países do Oriente Médio (leia a reportagem na pág. 72), em que tudo tem de bater recorde apenas por bater, como marketing. No caso chinês, há um imperativo econômico, de mãos dadas com avanços da engenharia (foram registradas 21 novas patentes de produtos atrelados ao desenvolvimento do projeto). O tempo de travessia entre as duas margens, que até agora era feito em duas horas, foi reduzido para dois minutos, atalho para o desenvolvimento regional. Há engenhosidade, sem dúvida, mas há também a mão pesada do Estado autoritário que faz as coisas acontecerem — alheio aos danos ambientais (houve denúncias) e ao risco de morte dos trabalhadores (não aconteceram, ao menos oficialmente). A China definitivamente não para.
Publicado em VEJA de 3 de outubro de 2025, edição nº 2964