‘A chantagem não vencerá’, diz deputado dos EUA após escândalo sexual
Deputado conservador aliado de Donald Trump, que teve vídeo íntimo vazado, enfrenta rejeição de membros de seu próprio partido republicano
O mais jovem parlamentar dos Estados Unidos, Madison Cawthorn, de 26 anos, se pronunciou na quinta-feira 5, sobre um suposto vídeo íntimo vazado. O deputado, apoiador de Donald Trump, é conhecido pelas pautas conservadoras e anti-LGBTQIA+. O escândalo repercutiu negativamente entre membros do próprio Partido Republicano de Cawthorn, que se voltaram contra ele.
Um vídeo de 28 segundos divulgado nesta semana mostra um jovem nu na cama ao lado de outro homem, em meio a gritos e risos. Identificado nas imagens, o congressista Madison Cawthorn justificou que o momento flagrado no vídeo não passou de uma “brincadeira” entre amigos.
“Um novo golpe está sendo armado contra mim. Anos atrás, neste vídeo, eu estava brincando com um amigo, tentando ser engraçado”, escreveu o deputado em uma publicação no twitter.
A new hit against me just dropped.
Years ago, in this video, I was being crass with a friend, trying to be funny.
We were acting foolish, and joking.
That’s it.
I’m NOT backing down.
I told you there would be a drip drip campaign.
Blackmail won't win. We will.
— Madison Cawthorn (@CawthornforNC) May 4, 2022
O deputado conservador da Carolina do Norte, que irá concorrer à reeleição no pleito de 17 de maio, também afirmou que está sendo vítima de chantagem. “Não vou recuar. A chantagem não vai vencer. Nós vamos.”
O escândalo gerou grande repercussão entre políticos americanos, e prejudicou ainda mais a relação de Cawthorn com membros de seu partido. O parlamentar já enfrenta há algum tempo a rejeição de poderosos, como Kevin McCarthy, o principal republicano na Câmara dos Deputados, que rompeu com ele após polêmicas anteriores.
Além de ter sido acusado de participar de uma orgia sexual regada a drogas em Washington e de ter tentado entrar com uma arma em um avião, Cawthorn recentemente chamou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de “bandido” em meio à invasão russa.
“Não é apenas uma coisa qualquer. É o todo [de seu comportamento]”, disse o senador republicano Tom Tillis à agência internacional de notícias Reuters. Apesar de pertencer ao mesmo partido de Cawthorn, Tillis está fazendo campanha de oposição ao deputado nas eleições deste mês. Comentando o vídeo vazado, o senador descreveu as imagens como “embaraçosas”.
O também republicano Jim Davis, ex-senador estadual que concorreu contra Cawthorn em 2020 e acabou votando nele no segundo turno, disse: “Muitos republicanos acham que ele é uma vergonha, dadas as coisas que ele está dizendo e as coisas que ele fez. E eu sou um deles.”
Durante sua campanha política, Cawthorn adotou o estilo combativo e extremista de Donald Trump, prometendo ser “uma voz forte de fé, família e liberdade” e manifestando-se contrário ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Apoiado pelo ex-presidente, ele foi eleito em 2020 como o membro mais jovem do Congresso e concorre à reeleição em 2022.
Uma pesquisa recente do Fundo Eleitoral Republicano mostrou uma queda das intenções de voto no deputado. De 49% em março, a taxa foi para 38% em abril.
Apesar do escândalo, alguns analistas acreditam que há uma grande chance do deputado ser reeleito. “É possível que ele sobreviva às feridas políticas auto-infligidas. Mas ele se colocou em grave risco”, afirmou o pesquisador republicano Glen Bolger, da empresa de pesquisa Public Opinion Strategies.