Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

A agenda verde toma conta do mundo

O ambicioso plano de zerar emissões de carbono de Biden coloca os americanos na mesma rota sustentável que o planeta (quase) todo começa a trilhar

Por Ernesto Neves Atualizado em 4 jun 2024, 14h12 - Publicado em 27 nov 2020, 06h00

De todas as bandeiras empunhadas na plataforma de Joe Biden, a mais vistosa é a da sustentabilidade. Biden promete canalizar 2 trilhões de dólares para zerar no país as emissões de dióxido de carbono, o principal vilão das mudanças climáticas — uma iniciativa que envolve transformações monumentais na indústria, nos negócios e no estilo de vida. Indo na exata contramão do antecessor Donald Trump, militante das hostes que consideram a grita contra a poluição exagerada e prejudicial aos negócios, Biden se comprometeu a, na primeira semana após a posse, em 20 de janeiro, recolocar o país no Acordo de Paris (de onde Trump o tirou), um pacto mundial para limitar o aquecimento global. Dando nome e sobrenome a esse compromisso, o presidente eleito nomeou, na segunda-feira 23, o ex-secretário John Kerry para o recém-criado cargo de enviado especial para questões climáticas, uma espécie de czar do setor.

Kerry não é novato no movimento ambientalista: no ano passado, lançou o World War Zero (Zero Guerra Mundial), entidade que prega o fim das emissões de carbono no planeta até 2050 e reúne personalidades como o ator Leonardo DiCaprio e os ex-­presidentes Bill Clinton e Jimmy Carter. “Os Estados Unidos agora terão um governo que encara a crise climática como a ameaça à segurança nacional que ela realmente é”, disse Kerry, ao confirmar seu papel nele.

O projeto de Biden prevê que o setor elétrico seja completamente neutro em carbono (ou seja, sem petróleo nem carvão) até 2035, uma transição que ao longo dos trinta anos seguintes se ampliará por toda a economia. “Biden sabe que o tamanho do seu comprometimento lhe dará autoridade para cobrar a mesma atitude de outros países”, diz o cientista Zeke Hausfather, do centro de pesquisas do clima Breakthrough, de Berkeley, na Califórnia. Ciente de que, passada a pandemia, as questões em torno do clima devem definir eleições, carreiras e desempenho dos negócios, a geopolítica internacional em peso se mexe para não perder o bonde elétrico. O pri­meiro-­ministro do Reino Unido, Boris John­son, pôs em andamento o que chama de “nova revolução industrial”, com incentivos ao uso de novas fontes de energia e a proibição de carros movidos a gasolina e a diesel a partir de 2030. Justin Trudeau, do Canadá, acaba de anunciar que começará a taxar as emissões de carbono em 2022. A União Europeia condicionou um terço do pacote de 900 bilhões de euros para a recuperação econômica pós-pandemia ao uso de iniciativas de transição energética.

O plano mais ambicioso parte da China, o maior emissor de carbono do mundo (mais do que Estados Unidos e União Europeia juntos). “Exortamos todos a buscar um desenvolvimento inovador, coordenado e verde”, pediu o presidente Xi Jinping na Assembleia-Geral da ONU, em setembro. A meta chinesa, acrescentou, é acabar com as emissões de carbono até 2060. Ao longo da última década, os chineses inundaram o mercado de placas solares e turbinas eólicas, promovendo uma queda de 80% no custo desses produtos. “Já estamos vivendo uma corrida tecnológica na redução de carbono.”, diz Alex Wang, especialista em política climática chinesa da Universidade da Califórnia em Los Angeles. Para o Brasil, hoje um pária na comunidade ambientalista, esse impulso sustentável, se bem administrado, pode render lucrativos negócios em energias alternativas, como a eólica e os biocombustíveis, em que o país dispõe de tecnologia avançada. O futuro, ao que tudo indica, é verde.

Publicado em VEJA de 2 de dezembro de 2020, edição nº 2715

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.