A 100 dias da Olimpíada, fabricantes de medalhas entram em greve na França
Sindicato busca 'bônus olímpico' pelo trabalho intenso; Casa da Moeda francesa nega que paralisação tenha afetado produção
Dezenas de funcionários da Monnaie de Paris, instituição francesa que fabrica as medalhas e moedas para os Jogos Olímpicos de 2024, marcam sua terceira semana de greve nesta quarta-feira, 10, a 107 dias do início do torneio. A paralisação busca maior reconhecimento do seu trabalho e um “bônus olímpico”, para compensar a sobrecarga – que também foi reivindicado por policiais e funcionários do governo.
“É um desafio artesanal e queremos que o trabalho artesanal seja compensado pelo seu valor legítimo”, disse David Faillenet, representante da Confederação Geral do Trabalho (CGT), o principal sindicato da Monnaie de Paris.
Cada medalha produzida para os Jogos de Paris deste ano terá um pedaço original da Torre Eiffel incrustado, e os trabalhadores alegam que o processo para inserir a peça de ferro de 18 gramas retirada do monumento é muito delicado e merece mais reconhecimento. “A medalha olímpica é uma joia”, completou Faillenet.
Os medalhistas realizaram um protesto nesta segunda-feira 8, na sede da Casa da Moeda, e planejam se reunir novamente nesta quinta-feira, 11, em frente ao Ministério da Economia francês.
O que diz a Casa da Moeda
A Casa da Moeda afirmou que os protestos não afetaram a produção das medalhas, e que apenas 2% dos 430 trabalhadores da Monnaie de Paris estavam em greve na última sexta-feira, número que desceu para menos de 0,5% na terça-feira. Segundo a instituição, as manifestações aconteceram majoritariamente durante o intervalo dos funcionários.
“A produção de medalhas não foi interrompida; todas as medalhas foram cunhadas e serão entregues a tempo”, garantiu a instituição.
O sindicalista Faillenet rejeitou o pronunciamento da Casa da Moeda, alegando que algumas categorias da produção ainda não foram iniciadas e podem ser afetadas caso as reivindicações do grupo de trabalhadores não sejam atendidas, resultando em “medalhas que não atendem aos padrões de produção necessários” ou “atrasos na produção que podem levar a certos eventos sendo realizados sem medalhas.”
Outras greves
Conhecidos pelas suas manifestações, trabalhadores franceses de diversos outros setores também aderiram à greves neste ano em busca de melhores condições trabalhistas.
Em fevereiro, a Torre Eiffel ficou fechada por quase uma semana depois que seus funcionários paralisaram o trabalho pedindo mudanças na forma como o principal monumento da capital francesa é administrado financeiramente, acarretando na perda de quase 100 mil visitantes.
Uma série de protestos convocados por sindicatos policiais também tomaram conta da capital francesa em janeiro. Os policiais pediram melhores condições de trabalho e um aumento da remuneração durante os Jogos Olímpicos.
Além disso, o principal sindicato da operadora de transportes de Paris emitiu um aviso de greve que inclui o período das Olimpíadas, pedindo negociações com o setor administrativo.
Para tentar garantir o bom funcionamento de todos os setores da cidade, o chefe do Comitê Paris 2024, Tony Estanguet, solicitou uma “trégua” das greves durante o período olímpico. No entanto, a líder da Confederação Geral do Trabalho, Sophie Binet, negou o pedido. “Não impediremos ninguém de defender seus direitos”, disse ela.