Wimbledon: como é a preparação da grama, bolinhas e tradicionais flores do torneio?
Terceiro Grand Slam do ano acontece de 30 de junho a 13 de julho nas quadras de grama

O circuito mundial de tênis está na espreita pelo terceiro Grand Slam do ano. Wimbledon começa no dia 30 de junho e termina no dia 13 do próximo mês. No primeiro ano sem os tradicionais árbitros de linha, substituídos pela tecnologia, outras tradições são mantidas sob os indispensáveis cuidados humanos. A grama ganha a textura ideal, as bolinhas obedecem parâmetros milimétricos e as clássicas flores do All England Lawn Tennis Club (AELTC) seguem mais vivas do que nunca.
A começar pelo seu maior símbolo, a grama das quadras de Wimbledon é preservada por Neil Stubley e sua equipe. O chefe do setor e da horticultura é responsável por manter ao todo 88 quadras para o Grand Slam, sendo 18 quadras para os jogos do major, 34 para as qualificatórias em Roehampton, 16 de treinos no Centro Comunitário AELTC e outras 20 para a prática dentro do complexo da competição.

Em entrevista ao The Athletic, Stubley explica que testa diariamente o quique das bolinhas nas quadras, mede a sua altura e as condições da grama. “Se ela estiver ficando muito dura, podemos adicionar um pouco mais de água. Se ficar muito macia, podemos simplesmente suspender a irrigação e deixar a Mãe Natureza secar um pouco mais.”
No final do torneio, a grama fica desgastada, mas não há muito o que fazer. No fundo da quadra, principal área de movimentação dos tenistas, a superfície perde sua aparência esverdeada, mas não significa que a grama morreu. Duas semanas depois, ela renasce e retorna à normalidade.
Além do verde da grama, Wimbledon é colorido pelas flores. O chefe da jardinagem, Martyn Falconer cultiva 28.000 plantas anualmente para o torneio, e destaca as petúnias, cerca de 14.000 a 15.000. Introduzidas no complexo em 1970, as flores são maioria em meio às hortênsias, sálvias, hostas, lavandas francesas e cardo-esculpido. “Na vertical, rasteiras, pendentes, em cestos suspensos, vasos, jardineiras, floreiras de janela — elas [as petúnias] sempre foram usadas em abundância.”

Falconer também foi responsável por sugerir a construção de um símbolo do complexo. A escultura The Serving Ace Meeting Tree, do artista Mark Reed, é rodeada de flores e plantas, com criaturas secretas em seus galhos e tronco inspiradas em uma série de livros Elizabeth Beresford. A obra, segundo o escultor, reflete o momento de silêncio antes do saque dos tenistas, seguido de uma ‘explosão’ quando a bolinha entra em quadra.


E não menos importantes, as bolinhas amarelas também cuidadosamente preparadas no complexo. Andy Chevalier é gerente de distribuição de bolas em Wimbledon, e nas horas vagas é ator. Mas dentro do All England Club seu papel também é essencial: Chevalier organiza a distribuição das bolinhas, sendo que toda quadra inicia o dia com 21 latas com três bolinhas cada. De nove em nove games, o juíz da cadeira pede novas bolinhas, e os gandulas estreiam um novo trio.

A grande performance do gerente, no entanto, vai além da logística, e está escondida dos olhares do público. Caso uma bolinha se perca ao longo do jogo, vá para fora da quadra ou apresente algum problema, o árbitro de cadeira das partidas tem uma lata secreta com três reservas. Estas bolinhas ‘escondidas’ são selecionadas por Chevalier para corresponder ao tempo de uso, 3, 5 ou 7 games. “Assim, se uma bola for perdida durante uma partida, o árbitro pode ir até a lata 3-5-7, pegar uma das bolas que está na rotação atual e tentar combiná-la com a bola mais parecida. Dessa forma, não entra uma bola novinha na rotação de seis quando já se está com bolas de oito games”, afirmou ao The Athletic.
