Viva o basquete no país do futebol
Liga conquista os brasileiros, com mercado de crescimento exponencial, e crava sua bandeira em sete estados

O país do futebol anda namorando o basquete. A NBA já abrigou, em passado recente, alguns brasileiros de destaque em suas quadras. Leandrinho venceu o prêmio de sexto homem da liga em 2007. Nenê já foi muito cobiçado por diversas equipes, Anderson Varejão quase esteve em um All-Star Game e Tiago Splitter foi campeão com função relevante nos Spurs em 2014.
Entre 2015 e 2017, o Brasil teve nove integrantes na maior liga de basquete do planeta. Hoje só resta um: Raulzinho, dos Cavs. No entanto, a final entre Denver Nuggets e Miami Heat, que começou na quinta-feira, 1, com vitória do quinteto do Colorado, tem tudo para ser a mais vista da história em território nacional – embora se torcesse para uma decisão de franquias mais badaladas.
O Brasil é um dos mercados com maior potencial de crescimento no mundo. A base de fãs triplicou nos últimos anos – saiu de 20 milhões em 2013 para mais de 60 milhões agora em 2023, segundo dados da SportsValue. A Hoopers, startup portuguesa acaba de lançar a sua plataforma de comunidade e app no país, dedicados exclusivamente para o esporte da bola laranja. “ Há imensa demanda dos fãs e praticantes do basquete”, diz André Costa, CEO da Hoopers. O vigor é realmente animador: o mercado brasileiro como o segundo do planeta nas assinaturas do League Pass, plano de pay-per-view para a transmissão de todos os jogos, ficando atrás somente dos Estados Unidos. A venda de camisas também aumentou por aqui em 67% comparado aos últimos anos. E, durante a pandemia, o basquete foi o esporte, além do futebol, mais procurado no Google pelos brasileiros, com 89% de interesse.
Não por acaso, os eventos dedicados à NBA se multiplicam. O escritório da liga no país já abriu 21 lojas em sete estados. São Paulo lidera o mapa de fervor com nove localidades, seguido pelo Rio de Janeiro, com quatro propriedades. O Paraná tem três estabelecimentos, Rio Grande do Sul tem dois, enquanto Minas Gerais, Ceará e Santa Catarina abriram um negócio cada.
“É uma bola de neve. As audiências aumentam, os produtos são mais procurados e as franquias crescem. Hoje há muita demanda no Brasil em torno da NBA e a tendência é aumentar nas próximas temporadas. O basquete sempre foi tradicional no país, perdeu espaço para o vôlei, mas agora recuperou o posto de segundo esporte do brasileiro com a força que ganhou a liga norte-americana por aqui”, comenta Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports, agência de marketing esportivo.
Além das lojas oficiais, a liga de basquete tem atuado com projetos sociais e hoje coordena uma licença de escolinhas, chamada NBA Basketball School. Houve também revitalizações de quadras, como a do Beco do Nego, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, em parceria com o Cleveland Cavaliers. O evento contou com a participação do ídolo Anderson Varejão.
A parceria entre NBA e o Brasil alcançou um novo patamar depois da inauguração de um parque temático em Gramado, no Rio Grande do Sul, na metade de abril. O NBA Park é o maior parque da liga no planeta, com quadra oficial, restaurante, loja, e muitas atrações de entretenimento. O local tem capacidade para 4 000 pessoas. “Um complexo desta magnitude atrai turismo não só do Brasil, mas também de todos os países vizinhos. A Argentina, por exemplo, também é apaixonada pelo basquete e pela NBA e deve levar visitantes em peso. O NBA Park afeta diversas áreas e impulsionará a receita da região de Gramado e do Rio Grande do Sul. É mais um grande projeto para fidelizar fãs e conquistar futuros consumidores”, diz Ivan Martinho, professor de marketing esportivo na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).
Para cada uma das partidas da finalíssima entre Nuggets e Heat, a liga organizará eventos em Gramado e na NBA House, uma grande estrutura montada no Shopping Eldorado, em São Paulo, com capacidade para 3 000 pessoas, com atrações, como DJ, grupos de dança,e games.
Liderado pelo sérvio Nikola Jokic, duas vezes eleito o melhor jogador da liga, o Nuggets obteve a melhor campanha da temporada regular na Conferência Oeste e terá o mando de quadra na final, pois o Heat, seu adversário, classificou-se em oitavo. É somente a segunda vez que um oitavo desbanca os favoritos e chega à decisão. O outro autor do feito foi o New York Knicks, em 1999.
A carta na manga de Miami para surpreender tem nome e sobrenome: Tyler Herro. O jogador de 23 anos vinha sendo a válvula de escape ofensiva para Butler, mas não atuou em nenhum jogo dos playoffs iniciais, lesionado. A expectativa é de que o retorno aconteça no jogo 3, em Miami, no próximo dia 7. Na noite deste sábado, 3, em Denver, ele ainda ficará fora da quadra.