Violência no Beira-Rio: estupidez sem limites no futebol brasileiro
O estádio em Porto Alegre virou campo de batalha

Poucas vezes uma cena tão vergonhosa foi vista no futebol brasileiro. No domingo, 26 de março, logo após a derrota do Internacional para o Caxias, nos pênaltis, em partida pela semifinal do Campeonato Gaúcho, o Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, virou campo de batalha. A torcida colorada, incrédula, invadiu o campo. No meio do caos, brotou a covardia: um torcedor do Internacional, cujo nome permanece em sigilo, invadiu o gramado com a filha nos braços e, antes de ser contido pelos agentes de segurança, agrediu um dos jogadores do Caxias e um cinegrafista de TV. O juiz da partida, Rafael Klein, descreveu a cena na súmula: “Um destes torcedores, que estava com uma criança no colo, acertou um chute nas partes íntimas do atleta de camisa número 6, senhor Eduardo Mandai Rodrigues, da equipe do SER Caxias”. O valentão, anestesiado pela raiva, não se deu conta do horror de sua atitude e do risco de trauma para a criança, ela também vestida com a camisa vermelha do time de coração. É difícil acreditar que alguém, em sã consciência, ciente do perigo envolvido, possa ter usado uma menina como escudo. Os diretores do Internacional suspenderam o torcedor, associado do clube, até que se encerrem as investigações. Enquanto não houver punição a “cidadãos” desse tipo, não será possível desfrutar do futebol. Em tempo: a criança está bem, apesar de tudo. O pai — pasme — alegou protegê-la, tendo descido ao gramado porque havia briga nas arquibancadas. Difícil acreditar em tanta desfaçatez.
Publicado em VEJA de 5 de abril de 2023, edição nº 2835