Tite diz estar em paz após queda e explica Neymar ausente de pênaltis
Técnico havia escolhido o camisa 10 como o quinto batedor pela pressão na cobrança decisiva e evitou análises sobre o fim do ciclo no comando da seleção
O técnico Tite disse estar “em paz” e evitou análises sobre o fim do ciclo à frente da seleção brasileira, após a eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar. Durante a entrevista coletiva nesta sexta-feira, 9, o treinador classificou como “dolorida” a derrota por 4 a 2 nos pênaltis, depois de um empate por 1 a 1 com a Croácia, e precisou justificar a opção por Neymar não ter realizado uma das quatro cobranças – duas delas perdidas, uma por Rodrygo e outra por Marquinhos.
“Derrota dolorida, porém em paz comigo mesmo. Fim de ciclo. Eu já havia colocado há mais de um ano e meio, não sou um cara de duas palavras. Não estava jogando para ganhar e depois fazer drama para ficar, quem me conhece sabe. Agora, sim, foi um processo inteiro. Antes foi um processo de recuperação. Agora teve uma sequência inteira. O desempenho, vocês fazem os comentários de vocês, estão aí para análise”, explicou.
“Porque ele (Neymar) é o quinto e decisivo pênalti, fica com pressão maior e precisa do jogador de mais qualidade, mentalmente mais forte para fazer a última cobrança. É isso”, completou.
Além da dupla que desperdiçou dois pênaltis, o volante Casemiro e o atacante Pedro foram os outros dois que bateram. A série não chegou ao quinto pênalti para os países porque Marquinhos errou a quarta penalidade, acertando a bola na trave.
Tite, por sua vez, deixará a seleção após pouco mais de seis anos de trabalho – e o ciclo completo para o Mundial do Catar, entre 2018 e 2022. Foram 81 partidas, com 60 vitórias, 15 empates e seis derrotas, um aproveitamento de 80,2%.
“O tempo pode responder melhor. A dor, por mais humana, coerente, consciente que eu possa ter, a emoção está aflorada. Não tenho condição de avaliar todo o trabalho realizado. Com o passar do tempo vocês farão essa avaliação. Não tenho essa capacidade agora depois de uma eliminação”, argumentou.
Ao lado do auxiliar Cleber Xavier, o treinador discordou de alguns jornalistas que adotaram termos como “desorganização” e de que “faltou consistência”. Xavier, inclusive, completou duas respostas dadas por ele para dizer que o Brasil havia finalizado 19 vezes, sendo dez dela no gol croata, e mencionou que o rival “não conseguiu chutar uma bola no gol [brasileiro].
“Vimos muitas defesas difíceis do goleiro deles, então tivemos controle. Faltou efetividade? Faltou. Mas o goleiro também foi bem. Essa força mental nossa contra uma equipe forte da Croácia, que não nos machucou na partida, a não ser no gol desviado”, lamentou o auxiliar.
Segundo o site de estatísticas Sofascore, o Brasil finalizou 21 vezes contra nove dos croatas. Das 21 tentativas, 11 acertaram o gol. O goleiro Livakovic, um dos grandes destaques, fez sete delas dentro da área.
“Talvez faltou uma efetividade maior. Mas, calma, também tem uma garotada toda surgindo, junto com experientes fazendo essa mescla”, concluiu o treinador.