Tenista ucraniano Sergiy Stakhovsky deixa a família para defender Kiev
Poucas semanas após anunciar a aposentadoria durante o Aberto da Austrália, o atleta se voluntariou para lutar contra a invasão russa

Em janeiro, o tenista ucraniano Sergiy Stakhovsky disputou sua última partida no Aberto da Austrália (o mesmo que atraiu a atenção do mundo ao barrar o negacionista Novak Djokovic). Encerrou uma carreira de 18 anos que lhe rendeu quatro títulos, uma vitória importante contra Roger Federer e a 31ª posição no ranking mundial. Poucas semanas depois, enquanto aproveitava as férias em Dubai ao lado da mulher e dos três filhos, viu a Ucrânia ser invadida pelo exército russo. Decidiu deixar a família na Hungria, onde mora hoje, e voltar para sua terra natal como voluntário.
Hoje, ele faz parte do exército de reservistas que lutam para impedir o avanço das tropas de Vladimir Putin em Kiev. Nesta quinta-feira, postou uma foto em seu Instagram usando um uniforme e segurando um fuzil. “Nunca na minha vida imaginei que usaria um colete à prova de balas em Kiev. O mundo precisa se unir para fazer a invasão parar… e colocar Putin onde ele merece, em uma cela de prisão”, escreve ele.
Stakhovsky afirmou que ele quer poder contar para os filhos que defendeu a terra em que nasceu e onde estão enterrados seus avós. “Ninguém quer que a libertação que a Rússia promete. Eles já têm liberdade e democracia. A Rússia só trará desespero e pobreza”, disse em entrevista à CNN.
A decisão, no entanto, não foi fácil. Ele conta que sofreu, mas que se sentiria mais culpado se não tivesse voltado para defender a pátria. Sua mulher, no entanto, viu a escolha como uma traição. Os filhos, todos com menos de sete anos, pensam que ele está viajando para participar de um torneio de tênis. “Minha mulher não contou e eu também não contei. Acho que eles vão acabar descobrindo logo”, disse.