Roberto Jábali: “Dava para apostar que Guga faria boa campanha”
Um dos últimos adversários a encarar o campeão de Roland Garros antes da conquista, o tenista paulista foi testemunha da ascensão do jogo do catarinense
Três semanas antes de ser campeão de Roland Garros, Guga levantou o título da Embratel Cup, em Curitiba, vitória que ele considera fundamental para seu sucesso em Paris. Na semifinal, ele superou o paulista Roberto Jábali, na época com 27 anos, em um jogo muito equilibrado e emocionante (7/6 e 7/6).
Atualmente dono de uma rede de estacionamentos em Ribeirão Preto, sua cidade natal, Jábali relatou suas lembranças daquela partida.
Quais são as recordações mais fortes que guarda daquele jogo com Guga em Curitiba? Eu havia ganho do Jaime Oncins na rodada anterior e fiz um jogo muito equilibrado com ele. Eu acreditava que iria ganhar, e só não ganhei por detalhes. Os dois sets foram para o tie-break, que é uma loteria. Eu estava jogando muito bem naquela época, saí com a sensação de que poderia ter vencido.
Quando percebeu que ele era um jogador acima da média? Eu joguei contra ele pela primeira vez em 1993, em um challenger em Campinas. Acredito, inclusive, que fui o primeiro a enfrentar o Guga em um challenger. Ganhei aquele jogo, depois nos enfrentamos mais quatro vezes e ele ganhou todas. Eu me recordo de ter notado naquele primeiro confronto que, embora ele fosse muito jovem, era um jogador diferenciado.
Acha que o título em Curitiba ajudou Guga naquele Roland Garros? Ele foi crescendo, ganhando confiança e isso o ajudou muito. Em Curitiba, ele já estava jogando como jogou em Roland Garros. Estava muito solto, com aquela irreverência dele, e um jogo muito agressivo.
Qual era a maior dificuldade em jogar contra ele? A bola dele era muito pesada e funda. Ele tinha recursos para ganhar os pontos dos dois lados, e disparava winners de todos os lugares. Além disso, tinha um saque muito poderoso.
Ficou surpreso ao vê-lo conquistar Roland Garros pouco depois de enfrentá-lo? É claro que não esperava que ele vencesse o torneio, mas, do jeito que estava jogando, com a confiança em alta, dava para apostar que o Guga faria uma boa campanha em Paris.