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O troféu “coelho” do Botafogo e outros prêmios alternativos do Brasileirão

Chega ao fim na próxima quarta o torneio mais disputado dos últimos tempos

Por Sergio Ruiz Luz Atualizado em 4 dez 2023, 11h16 - Publicado em 4 dez 2023, 10h38

Eis que o final do Brasileirão mais disputado dos últimos tempos se aproxima, sendo que a rodada derradeira ocorrerá na próxima quarta, 6. Parafraseando os comentaristas esportivos, sobrou emoção, mas faltou bola no campeonato. A imensa maioria das partidas teve aquele tom varzeano de um festival de caneladas e de furadas homéricas, com muita correria e pouca técnica. Por outro lado, a diversão parecia garantida, haja visto as arquibancadas lotadas. Para relembrar os melhores e piores momentos do torneio, segue aqui a lista de prêmios alternativos da competição:

COELHO

Este prêmio é do Botafogo, claro, e ninguém tasca! Tal qual aqueles corredores azarões que disparam na frente do pelotão e conseguem cinco minutos de glória ao permanecer na liderança, até perder o fôlego na metade final da maratona, o Fogão fez bem o papel de “coelho”. Arrebentou no prêmio turno, enquanto os melhores times se dividiam em duas ou três competições simultâneas. Quando os olhares desses favoritos se concentraram na disputa do Brasileirão, a verdade técnica foi restabelecida. Assim, o bravo e limitado Botafogo caiu na real: ficou para trás, cedendo posições para Palmeiras e Atlético-MG, entre outros. A derrocada aumenta a lista de infortúnios históricos do Fogão, mas ele ainda pode virar o jogo: por que não explorar melhor esse marketing de time “loser”? No Brasil já temos o Íbis, que se orgulha de ser o pior time do planeta.

VÃO TER QUE ME ENGOLIR

O português Abel Ferreira é esquentadinho e arrogante. Vive arrumando encrenca com árbitros durante as partidas, tem acessos de fúrias chutando garrafinhas de água à beira do gramado e dá caneladas diante da possibilidade de qualquer tipo de auto-crítica. Tão certo quanto isso é sua inegável competência no comando do Palmeiras, algo que costuma vir acompanhada de doses cavalares de sorte. Em um certo momento do Brasileirão, até o próprio Abel já havia entregue as faixa de campeão ao Botafogo. Numa reviravolta memorável, o Verdão do português engrenou nas rodadas finais e a taça de campeão caiu no colo do Palestra, que soube agarrá-la com as duas mãos. É preciso louvar também a sinceridade de Abel, que distribuiu golpes certeiros e justos a vários problemas crônicos do futebol do país, do insano calendário nacional ao baixo nível intelectual dos boleiros brasucas. Foi acusado de “colonizador”, mas tem agora a força moral de campeão para dizer o que quer — e todos vão ter que engolir, numa versão atualizada e com sotaque lusitano da frase imortalizada por Zagallo.

GÊNIO INCOMPREENDIDO

Um dos melhores goleiros de sua época e ídolo do São Paulo, Rogério Ceni parecia fadado a se transformar num técnico de ponta do futebol brasileiro, quiçá do mundial. De fracasso em fracasso, no entanto, o ambicioso treinador vem dando com os burros n’água.  A exemplo de outros grandes ex-jogadores, como o meia Falcão, Ceni é muito melhor e mais articulado dando entrevistas do que montando um bom time em campo. Agora, às vésperas da rodada final, vai precisar de um milagre para livrar o Bahia do rebaixamento.

REBAIXAMENTO MORAL

O Corinthians flertou o tempo inteiro com a segunda divisão, mas chega à ultima partida com a certeza de que,  independentemente do que irá acontecer, continuará no bloco principal de times em 2024. Trata-se de um “triunfo” amargo, pois foi conquistado em boa parte graças a adversários como América-MG e Coritiba, que conseguiram a façanha de serem ainda piores em campo do que um dos mais fracos Corinthians da história. O elenco atual ombreia com o famoso “Faz-me-rir”, como era chamado o elenco da fase de escassez de títulos de mais de vinte anos do Timão.

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VÍDEO-TAPE BURRO

O impagável cronista Nelson Rodrigues nunca se rendeu às imagens de repetições de jogadas que mostravam erros dos juízes a favor do seu time de coração, o Fluminense. De forma a negar as evidências cabais, ele argumentava que o “vídeo-tape era burro”. Pois ele agora ganhou uma versão mais moderna, o VAR. Por aqui, a arbitragem eletrônica virou um festival de erros e de constrangimentos. Na prática, apenas multiplicou o número de péssimos juízes em atuação durante uma partida. Sim, o VAR é mesmo burro, pelo menos no Brasil.

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