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O momento estrela de Rebeca Andrade

A vida pós-medalha de ouro anda cercada de flashes e muito palco para a brasileira

Por Monica Weinberg, de Paris
Atualizado em 7 ago 2024, 13h00 - Publicado em 7 ago 2024, 09h09

Depois do ouro triunfal, que conquistou ao derrotar no solo a até então inabalável Simone Biles, Rebeca Andrade vem vivendo dias de pop star em Paris. Nesta quarta-feira, 7, ela respondeu a um turbilhão de perguntas em uma cerimônia na qual apareceu com um dos collants que usou quando levou uma das duas pratas, que somadas à medalha dourada e ainda a um bronze fizeram dela a maior detentora de pódios olímpicos no Brasil.

A roupa de um amarelo que reluz vai virar peça de museu, ingressando no rol de relíquias do acervo do Comitê Olímpico Internacional (COI), na Suíça. É tudo simbólico, mas emite mais um sinal da estatura que atingiu a menina que emergiu da pobreza em Guarulhos para o topo da ginástica mundial. “Quando comecei, aos 7, era pura brincadeira. Hoje é sério, traz dor, mas muito alegria também. É a minha vida”, resumiu, enquanto era clicada sob todos os ângulos e mais um pouco.

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A roupa de um amarelo que reluz vai virar peça de museu, ingressando no rol de relíquias do acervo do Comitê Olímpico Internacional (COI), na Suíça (Monica Weinberg/VEJA)

A VEJA, ela refletiu sobre o duelo com Simone, que monopolizou os holofotes na arena de Bercy, embalado por torcidas que, não raro, faziam lembrar um Fla-Flu. “É muito bom quando uma incentiva a outra, quer ver o melhor de cada uma. Aprendemos nesses Jogos que esporte não é para alimentar ódio, mas parcerias”, disse, demonstrando bom domínio das palavras.

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Ela garante que, tantas foram as vezes que as duas se esbarraram pelos tablados da vida, que estão até ficando amigas. A reverência que recebeu da americana no pódio é descrita como “incrível, uma honra” — e é isso. “Não tenho mais os medos de antigamente”, afirma, com uma segurança que aflorou nesta temporada de pódios.

“ENTREI NO MUNDO DELES”

Ao lado do técnico, Chico Porah, que antes de engatar na entrevista falou do suspense daqueles instantes em que o ouro parecia ser dela, mas ainda não era, “uma aflição”, ambos avaliaram que já há um efeito Rebeca em ação. São meninas e meninos que começaram a gostar de ginástica e, quem sabe, tomara, até pratiquem o esporte. “Que cheguem outras meninas”, torce Rebeca.

De repente, lembrada de que as buscas por seu nome romperam fronteiras, reverberando com potência nas redes, nas quais até Viola Davis a enalteceu, Rebeca demonstra estar digerindo o patamar em que aterrissou, sedimentado pelo fecho de ouro. “Quando vi o post da Viola, pensei: ‘Caraca, ela sabe quem eu sou’.” Adorou e concluiu: “Estou entrando no mundo deles”. Aproveitou então para exibir seu leque de medalhas e, muito sorridente, despediu-se pisando firme.

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