O dia em que Simone Biles caiu
Também ela, a ginasta americana que empurra a barra dos limites humanos, erra e sofre

O aparelho era a trave, que não é a especialidade de Simone Biles, a ginasta sensação que, bastou pisar na arena, ouve gritos de “Simone, Simone!”, alguns entoados por celebridades como Tom Cruise e Steven Spielberg — e dá-lhe flash. Mesmo não sendo sua prova preferencial, ela já havia levado o bronze nos Jogos do Rio de Janeiro e de Tóquio.
Confiante na arena de Bercy, que tanto a tem acolhido, ela subiu na trave e começou a girar, esticar a perna aqui e ali, fazer contorcionismo — tudo lindo. Mas aí caiu. Outras tombaram antes, mas Simone não se perdoou. Não mesmo.
Voltou à cadeira com o semblante fechado, digerindo o primeiro revés nesta Olimpíada, em que já desfilou com a medalha dourada pendurada no pescoço três vezes. E sentou-se sob a luz implacável dos holofotes, torcendo o nariz como aqueles franceses que ainda teimam em se queixar da invasão olímpica na cidade.
As colegas tentaram baixar a poeira. Abraçaram e beijaram Simone. Sem efeito. E a nota não vinha. Foi a mais demorada decisão dos juízes até agora, envolta em um suspense que ficou pairando sobre a arena. Um “tum-tum-tum” acompanhou a espera. Resultado: 13 100. Um amargo quinto lugar, atrás de Rebeca, em quarto.
Vieram mais caretas de Simone e uma certeza: por mais extraordinária que seja, ela segue humana.