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O Brasil ganhou dos Estados Unidos no basquete – mas não foi hoje

A derrota para o Dream Team americano de Lebron James, Stephen Curry e Kevin Durant faz lembrar três feitos gloriosos de uma equipe que já foi bicampeã mundial

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 ago 2024, 18h11

O ginásio parecia um estádio de futebol. As bandeiras do Brasil tremulavam em carnaval tardio. Que festa, e que resultado histórico. Os brasileiros venceram os Estados Unidos por 85 a 81. Lindo e inesquecível. Só que não foi hoje em Paris. A derrota para o Dream Team de LeBron James, Stephen Curry, Kevin Durant e cia. por 122 a 87, em placar elástico e esperado, nem deve ser lamentado. É o que é. Ele ajuda a puxar o fio da memória, em exercício necessário para a história do esporte. Aquela vitória foi em 25 de maio de 1963, no Maracanãzinho. Deu ao time verde-e-amarelo o bicampeonato mundial. A primeira conquista fora em 1959, no Chile, mas depois de uma confusão danada do tempo da Guerra Fria. União Soviética e Bulgária foram punidas por se recusar a enfrentar Formosa. A decisão favoreceu o Brasil, que havia perdido para os soviéticos na fase de classificação e na fase final. Ao derrotar Chile, Porto Rico, Formosa, Bulgária e Estados Unidos – sim, Estados Unidos –, a canarinho ergueu a taça, mas foi esquisito.

E então, aquele troféu de 1963 parecia não deixar dúvida. O treinador era Kanela. Na quadra, nomes como Amaury Pasos, Vlamir Marques, Ubiratan, Rosa Branca, Marquinhos e Menon. Timaço. Jô Soares, sobrinho de Kanela, lembrou certa vez aquela noite. “Foi uma reação parecida com a do primeiro campeonato mundial de futebol em 1958, só mais concentrada no Rio de Janeiro, mas a cidade ficou alucinada. Um momento muito marcante foi a vitória em cima daquele time americano, que ninguém acreditava. Foi uma coisa de calor, de público, porque é num ginásio, então o volume da reação fica maior. E os jogadores agarrando meu tio Kanela, alucinados”. A estratégia de Kanela tirou a turma da NBA do prumo, ao apostar na velocidade de transição e bola para Amaury, um dos maiores jogadores de todos os tempos, pouco reconhecido. Os Estados Unidos tinham em quadra dois jogadores que seriam listados entre os melhores da NBA: Willis Reed, pivô do New York Knicks por 15 anos, e Lucius Jackson, também pivô, do Milwaukee Bucks. Com 110 pontos anotados, Amaury foi o cestinha da competição. Ele integrou também a seleção do torneio, junto com o brasileiro Wlamir Marques, o soviético Aleksander Petrov, o americano Don Kojis e o francês Maxime Dorigo. Aquela geração brasileira, e a que antecedeu, foi três vezes medalha de bronze em olimpíadas: 1948, 1960 e 1964.

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Oscar no Pan-Americano de 1987, em Indianapolis: 46 pontos na final (Sergio Berezovsky/Placar)

A aventura contra os Estados Unidos não terminaria ali. Em 1987, o time de Oscar, Marcel e cia. conquistaria os Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, com uma vitória sobre os donos da casa por 120 a 115. Foi a primeira vez que a seleção masculina dos EUA foi derrotada em seus domínios. Mas atenção: o time americano era formado por estrela universitárias. Oscar fez 46 pontos e Marcel, 31. Nesta terça-feira, 6 de agosto, a jornada foi diferente, mas pouco importa. Foi bonita a festa de Davi contra Golias. Os americanos nunca esquecerão as derrotas de 1959, 1963 e 1987 – o resultado de hoje, contudo, é uma página simples a caminho do ouro.

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