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Nova modalidade: a corrida de obstáculos na Paris olímpica

Em contagem regressiva, a cidade já está cheia de barreiras para moradores e turistas. E dá-lhe mau humor

Por Monica Weinberg, de Paris
Atualizado em 19 jul 2024, 08h55 - Publicado em 19 jul 2024, 08h49

Agora é para valer. Tudo o que os parisienses mais temiam aconteceu. Quem mora nas imediações do Sena, palco da abertura dos Jogos, e até o turista que resolveu se alojar num dos hotéis por ali, precisa agora de um passe com QR Code e paciência para atravessar uma, às vezes duas ou três barreiras com policiais e detectores de metais. Toda essa área foi batizada de zona cinza, mais formalmente chamada de perímetro de Segurança Interna e Combate ao Terrorismo (SILT).

O que vem exasperando os locais desde quinta-feira 18, quando a medida entrou em vigor, é que muita gente requisitou o tal passe, mas ainda não conseguiu. “Estou esperando há duas semanas, e nada”, dizia Sophie Martin, uma historiadora de 55 anos que reside naquelas bandas.

Cerca de 300 000 pessoas têm direito à autorização digital, a mais ambicionada na Paris de hoje. “Nas primeiras 24 horas, haverá controles com pedagogia, flexibilidade, mas apenas para moradores e gente que trabalha na região”, explicou Laurent Nunez, prefeito da polícia na cidade. “Hoje vamos aliviar”, prometia um agente.

O turista que quer chegar ao museu do Louvre, uma das mais visitadas atrações na cidade, ou comer num restaurante naquele pedaço, precisa mostrar comprovante de reserva e ser revistado. O resultado imediato, além dos narizes torcidos, são cenários distópicos num centro urbano nervoso e sempre lotado.

A Rivoli, artéria que cruza Paris de Leste a Oeste, está às moscas, numa paisagem desértica como nunca se viu por lá. Quem imaginou atravessar as poéticas pontes parisienses é bom saber: muitas estão fora de circulação – planeje outro trajeto.

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Museu do Louvre - Paris - Jogos Olímpicos - Olimpíada
Guardas franceses bloqueiam o acesso ao Museu do Louvre – 18/07/2024 (JOEL SAGET/AFP)

CALMA QUE TEM MAIS

Logo mais, em 26 de julho, quando começam os Jogos, entra em vigor outra zona – a vermelha – que também vai exigir QR code para os que quiserem caminhar por ela. Neste perímetro rubro, estão compreendidas ruas próximas às instalações olímpicas. Traduzindo: perambular no entorno da Torre Eiffel, da Place de la Concorde ou do Trocadéro exigirá QR code. O turista sem ingresso pode ter um (a emissão é gratuita no site oficial dos Jogos), só para poder flanar um pouco sem olhar para o relógio. O controle será feito em torno do horário das provas.

E a paleta de cores de áreas sob novas regras não termina por aí. A última das zonas, a azul, porém, funciona mais para aplacar a ansiedade causada por tantos detours: é uma espécie de rota de fuga para motoristas escaparem do trânsito e das ruas fechadas no abarrotado centro. Ufa.

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Neste verão que começa a mostrar a que veio, muita gente anda fazendo caminhos mais longos de carro, justamente pelas vias já interditadas, ou tendo que suar a camisa para chegar ao trabalho, uma vez que várias estações de metrô nas cercanias das arenas estão fora de atividade. “Precisa ter paciência, mas vai valer a pena”, disse a VEJA o engenheiro Carlos da Rocha, 35 anos, que, com uma sacola lotada de souvenirs olímpicos, se revelava ansioso pelo início dos Jogos.

Como se vê, não são apenas os atletas que passarão por provas de resistência.

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