Herói do título mundial da seleção em 2012, ala de 36 anos retirou dois tumores, no cérebro e no pulmão, e voltou a atuar em alto nível em 2017
Por Luiz Felipe Castro
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Atualizado em 4 jun 2024, 20h50 - Publicado em 27 out 2017, 12h22
Quem vê Neto atuando com a mesma intensidade e categoria de sempre jamais poderia imaginar que o craque canhoto, eleito o melhor jogador de futsaldo mundo em 2012, passou por graves problemas de saúde em 2017. O jogador mineiro de 36 anos retirou dois tumores, um no cérebro e outro no pulmão, e temia nunca mais poder chutar uma bola. Não só voltou a jogar como foi um dos destaques do Magnus Sorocaba na conquista da Liga Paulista no último domingo. Autor do histórico gol contra a Espanha que deu o título mundial da seleção brasileira há cinco anos, Neto atuou em grandes clubes da Europa e já venceu todos os troféus imagináveis da modalidade. Mas diz estar vivendo seu momento mais glorioso – não da carreira, mas da vida.
Como foi conquistar um título, marcando gol, meses depois de sérios problemas que você enfrentou? O título da Liga Paulista em si não é o mais representativo, minha vitória aconteceu há alguns meses, quando voltei a treinar, a jogar uma partida profissional, esse sim foi o grande título da minha vida. Mas, claro, o troféu também foi importantíssimo e vou comemorar muito por tudo que estou vivendo.
Por que optou por jogar no Sorocaba? A princípio pensei em ficar na minha cidade, Uberlândia (MG), depois dos problemas de saúde. Graças a Deus tudo foi solucionado até que recebi o convite do Falcão. Vim com um propósito muito maior. Só estar em quadra já era uma vitória. Agradeço muito ao Magnus e por hoje me sentir jogador profissional novamente. Tive outros convites, mas resolvi vir para esse clube que tem um projeto bacana.
Você atuou muitos anos na Europa, na Espanha e na Rússia. As diferenças de estrutura são grandes? Sim. Em questão de ginásios, esses países estão muito à nossa frente. No Brasil, infelizmente temos quadras ruins que sacrificam muito o atleta, ginásios que não dão uma boa estrutura para a torcida. Nesse ponto, estamos atrás, assim como em relação à visibilidade, porque ainda não vendemos bem nosso produto.
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E em termos salariais? Também. O que realmente faz diferença é a moeda, é o que atrai os brasileiros não só no futsal como no futebol também. Um euro vale quase quatro reais, então é muito melhor ganhar 5.000 euros lá do que 10.000 reais aqui. Além da questão cultural, quem não quer conhecer um país diferente, com menos violência, corrupção? Naquela época, eu jamais trocaria a condição de vida que a Espanha me dava para jogar no Brasil.
E na Rússia como foi? Uma experiência muito boa também. A Rússia desenvolveu o futsal, os russos realmente gostam da modalidade. Os ginásios são pequenos , mas sempre estão cheios. Claro que o frio é uma dificuldade, mas consegui tirar bom proveito.
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Vê o futsal brasileiro em evolução? Diria que está melhor em termos de organização. Antes, era comum equipes atrasarem salários – no Atlético-MG cheguei a ficar oito meses sem receber. Hoje não vemos mais isso. É importante que os times se conscientizem que o esporte precisa mudar e que todos os jogadores têm família e precisam de boas condições para trabalhar.
A sua luta e de outros ídolos da seleção pela limpeza da modalidade vem dando resultado? Infelizmente os títulos mundiais não levaram a uma melhora do futsal brasileiro como um todo. Mas isso é uma longa história que só veio à tona recentemente. Em 16 anos de seleção brasileira vi muitas coisas erradas. Mas acho que aos poucos o esporte está se recuperando.
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