‘Não somos cafetões virtuais’, diz Samuel Ongaratto, fundador da Fatal Model
Ele conta como foi duro conseguir entrar para o mundo do futebol e diz que, no Brasil, prostituição ainda é tabu

Uma numerosa turma nas redes critica a Fatal Model dizendo que um site de anúncios de prostituição não deveria patrocinar um evento que reúne multidões em estádios, inclusive crianças. Não acha uma ponderação razoável? Honestamente, acho que é mais fácil questionar propagandas de bebida alcoólica ou negócios que exibem fotos de mulheres sensuais e de biquíni. Nunca vão ver uma publicidade nossa nesses moldes. Só lembrando que, dentro da plataforma, há verificação facial e de documentação, justamente para impedir que menores tenham acesso.
Há quem se queixe de que as mulheres são mostradas ali como objetos à venda. Concorda? Não temos nenhuma gerência sobre isso. É tudo escolha da pessoa que cria o perfil. O que fazemos é entregar as ferramentas para que as usem de maneira segura e autônoma.
Existe um tabu em relação ao tema da prostituição? Sim. É a profissão mais antiga do mundo, mas a sociedade prefere jogar o assunto para debaixo do tapete. Falamos de um universo amplo e pouco conhecido, onde há hoje muita gente formada, com família, filhos. O mercado está mudando rapidamente.
O que mais lhe chama a atenção nestes novos tempos? Observamos no site cada vez mais homens oferecendo seus serviços, assim como mulheres que querem contratar acompanhantes.
Houve resistência por parte dos clubes a aceitar o patrocínio de sua empresa? Começamos conversando com times pequenos, que jogam na série B e hoje patrocinamos. Fizemos um trabalho de formiguinha até conseguir chegar a uma equipe da série A, o Vitória. Nosso desafio é sempre explicar aos executivos do futebol que não somos cafetões virtuais.
De onde vem o lucro estimado em 10 milhões de reais por mês? A maior parte, da venda de assinaturas de homens e mulheres que oferecem o serviço e querem impulsionar seu perfil. Também os clientes pagam para ter acesso ilimitado ao conteúdo. Há ainda propagandas pagas na plataforma. Não ganhamos nada com os negócios que são fechados com a divulgação no site.
Como surgiu a ideia de criar uma plataforma para acompanhantes? Eu era professor de empreendedorismo na Universidade Católica de Pelotas quando conheci meu sócio, Jean, na época aluno de ciências da computação. Ele veio com a ideia de fazermos um marketplace para acompanhantes. A princípio, achei completamente louca, mas depois embarquei.
Houve um burburinho de que a Fatal Model iria pagar o salário do craque francês Paul Pogba, numa negociação dele com o Corinthians que acabou não indo adiante. Essa conversa existiu? Vimos uma oportunidade naquele momento e fizemos a oferta ao Corinthians. Aí o clube agradeceu e recusou de imediato. Até hoje não tenho ideia do que aconteceu.
Publicado em VEJA de 25 de abril de 2025, edição nº 2941