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Familiares das vítimas de incêndio no Ninho do Urubu protestam: ‘Ferida reaberta’

Todos os réus do caso foram absolvidos; dez adolescentes morreram em alojamento sem alvará de funcionamento em fevereiro de 2019

Por Natalia Tiemi Hanada Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Lucas Mathias Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 out 2025, 13h11 - Publicado em 22 out 2025, 12h34

Os familiares das vítimas do incêndio no Ninho do Urubu em 2019 se pronunciaram após a absolvição de todos os réus do caso nesta terça, 21. A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (Afavinu) emitiu um comunicado em protesto à decisão da 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro descrita como uma “grave afronta à memória das vítimas e ao sentimento de toda a sociedade”. (Confira a nota na íntegra abaixo)

“A absolvição dos acusados, sob o argumento de que não se conseguiu individualizar condutas técnicas ou provar nexo causal penalmente relevante, renova em nós o sentimento de impunidade e fragiliza o mecanismo de proteção à vida e à segurança dos menores em entidades esportivas, formativas ou assistenciais no país”, diz a nota.

Dez adolescentes, entre 14 e 15 anos, morreram no incêndio na madrugada de 7 de fevereiro de 2019. Os jovens dormiam no alojamento das categorias de base do clube, instalado em contêineres na zona oeste do Rio, sem alvará de funcionamento. O incêndio começou em um ar-condicionado e se espalhou rapidamente devido ao material inflamável do revestimento dos contêineres.

Dezesseis atletas conseguiram escapar pela única porta do local. As vítimas fatais foram Athila Paixão (14 anos), Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas (14), Bernardo Pisetta (14), Christian Esmério (15), Gedson Santos (14), Jorge Eduardo Santos (15), Pablo Henrique da Silva (14), Rykelmo de Souza Vianna (16), Samuel Thomas Rosa (15) e Vitor Isaías (15).

A família de Jorge Eduardo enviou uma nota a VEJA também se posicionando sobre a decisão. Alba e Wanderlei, pais da vítima de 15 anos na época do incêndio afirmam: “Hoje, sentimos que a justiça falhou com nossos filhos mais uma vez. Cada absolvição é uma ferida reaberta, uma lembrança cruel de que, para muitos, eles já foram esquecidos. Mas para nós, pais e mães, o tempo não cura, e a luta não acaba.” Confira notana íntegra abaixo.

Nota da Afavinu:

A Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu (Afavinu), que congrega mães, pais, irmãos e demais familiares das dez vítimas fatais da tragédia ocorrida em 8 de fevereiro de 2019 no alojamento da base do Flamengo, manifesta seu profundo e irrevogável protesto diante da decisão proferida pela 36ª Vara Criminal da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, que absolveu em primeira instância todos os sete acusados no processo criminal resultante dessa tragédia.

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Entendemos que o papel da Justiça não se limita à aplicação da lei em casos individuais, mas exerce uma função pedagógica essencial na prevenção de novos episódios semelhantes, no envio de mensagem clara à sociedade de que negligências de segurança, falhas na estrutura técnica e irresponsabilidades não serão toleradas — e não cumprir essa função configura, para nós, grave afronta à memória das vítimas e ao sentimento de toda a sociedade.

Relembremos que os jovens falecidos — adolescentes em formação, atletas da base — dormiam em contêineres improvisados, sem alvará adequado, com indícios de falha elétrica, grades de janelas que dificultavam a saída, entre outras condições de insegurança.

A absolvição dos acusados, sob o argumento de que não se conseguiu individualizar condutas técnicas ou provar nexo causal penalmente relevante, renova em nós o sentimento de impunidade e fragiliza o mecanismo de proteção à vida e à segurança dos menores em entidades esportivas, formativas ou assistenciais no país.

A AFAVINU seguirá em busca de Justiça e na esperança de que a decisão seja revista e assim reitera seu pedido de que o processo seja acompanhado com rigor pelos órgãos de recurso para que a sociedade receba a mensagem de que tais condutas não ficarão impunes.

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Para que a morte destes adolescentes não seja em vão, seguiremos exigindo dos órgãos de fiscalização (municipal e estadual) e do poder público em geral — inclusive esporte, juventude e fiscalização de edificações — a implementação de medidas concretas para tornar obrigatórias auditorias frequentes e manutenção preventiva em alojamentos de atletas, jovens/menores em todos os clubes do País, de modo que tragédias irreparáveis, como a do Ninho do Urubu, não se repitam.

Reafirmamos que a memória dos jovens não será silenciada: os nomes deles, suas vidas interrompidas em circunstâncias evitáveis, exigem que continuemos vigilantes.

A decisão judicial, ao não reconhecer a responsabilização penal, representa uma falha grave do sistema de justiça em seu papel pedagógico — e como tal, reforça em nós o dever de mobilização civil para fortalecer os mecanismos de fiscalização, transparência e responsabilidade em espaços de formação de jovens.

Conclamamos a imprensa, entidades de defesa dos direitos humanos, movimentos esportivos e toda a sociedade a não permitir que essa decisão se transforme em precedente de que a segurança de crianças e adolescentes pode ser tratada com negligência criminosa. A vida dos nossos filhos tem um valor irreparável e em memória aos 10 garotos inocentes lutaremos, até o fim, por uma Justiça efetiva e capaz de inibir novos delitos com sentenças que protegem as vítimas e não os algozes.

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Aos torcedores do Flamengo e a todos que amam o futebol e as crianças, a AFAVINU faz um apelo: que a paixão pelos clubes se traduza também em compromisso com a vida. Que o amor pelo esporte, que move milhões de corações, seja também amor pela segurança, pela ética e pela memória daqueles dez meninos que sonhavam em vestir, com orgulho, a camisa rubro-negra ou de outros mantos sagrados. O verdadeiro espírito esportivo exige empatia, responsabilidade e humanidade. Honrar esses valores é proteger as futuras gerações de atletas e garantir que o futebol continue sendo motivo de alegria — nunca de luto.

21 de outubro de 2025
Diretoria da Afavinu
(Associação dos Familiares de Vítimas do Incêndio do Ninho do Urubu)

Nota da família de Jorge Eduardo: 

Recebemos com profunda dor e indignação a notícia da absolvição dos responsáveis pelo incêndio do Ninho do Urubu.

Há mais de seis anos, vivemos o vazio e o silêncio deixados pela morte do nosso filho – um menino cheio de vida, sonhos e esperança. Ele acreditava no futebol, acreditava no Flamengo, acreditava que o talento e o esforço o levariam longe.

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Hoje, sentimos que a justiça falhou com nossos filhos mais uma vez. Cada absolvição é uma ferida reaberta, uma lembrança cruel de que, para muitos, eles já foram esquecidos. Mas para nós, pais e mães, o tempo não cura, e a luta não acaba.

Seguiremos em frente, com fé e coragem, porque nossos filhos merecem justiça. E porque acreditamos que o Tribunal, ao rever essa decisão, poderá corrigir essa injustiça e honrar a memória dos dez meninos que só queriam jogar bola.

Eles tinham sonhos. E nós continuaremos lutando por eles.

Alba e Wanderlei

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