Expedição fará em julho a mais longa travessia de remo oceânico já realizada entre SP e RJ
Viagem faz parte do projeto Hans Staden 500, relembrando o trajeto em que os tupinambás levaram o mercenário alemão aprisionado até a aldeia deles

Entre os dias 11 e 13 de julho, dentro do projeto Hans Staden 500, um grupo de oito remadores do Clube de Regatas Bandeirante, sediado na Raia Olímpica da USP, fará uma expedição inédita no litoral nacional a bordo de barcos a remos COASTAL (também conhecidos como barcos a remo oceânicos) – eles são barcos a remo olímpico próprios para travessias em mar aberto. Na ocasião, os atletas irão remar cerca de 200 quilômetros entre Bertioga, em São Paulo, e Mangaratiba, no Rio de Janeiro. Não há registros no país de outro percurso com essa extensão realizado naquela região por praticantes de remo COASTAL. O roteiro foi concebido em homenagem aos 500 anos do nascimento de Hans Staden, autor do primeiro livro publicado na Europa sobre o Brasil.
O remo COASTAL é uma modalidade em crescimento no mundo inteiro e fará sua estreia olímpica em 2028, nos Jogos de Los Angeles. Na ocasião, serão disputadas provas de beach sprint, nas quais os remadores entram nos barcos na água, seguem em slalom contornando boias no meio do mar por 250 metros, retornam para a praia, pulam para fora das embarcações e correm até a linha de chegada. Além das competições de beach sprint, o remo COASTAL é utilizado por atletas em competições mundiais de 4 000 e 6 000 metros e em longas travessias, como no caso do projeto Hans Staden 500.
Como forma de preparação para a travessia entre os litorais de São Paulo e Rio de Janeiro, os atletas do Clube de Regatas Bandeirante fizeram a primeira grande bateria de treinos no mar aberto em Bertioga nos dias 20 e 21 de junho, percorrendo na ocasião mais de 30 quilômetros. Eles foram acompanhados por Antonio Carlos Bonfá Júnior, da empresa Barra Pro Mar Turismo e Serviços, e Pisco Del Gaiso, da Lamp. Esses profissionais vão ser responsáveis pela segurança e registro vídeo fotográfico da expedição, respectivamente.

Personagem histórico homenageado pelo projeto, Hans Staden nasceu em 1525 em Homberg, na Alemanha. Estava a serviço de portugueses em um forte nas imediações de Bertioga quando foi capturado por tupinambás, que praticavam rituais de canibalismo. Levado prisioneiro a bordo de canoas em um percurso presumido pelas cidades de São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba, chegaram à aldeia deles na região na qual vários historiadores acreditam ser Mangaratiba, conforme análise das descrições deixadas por Staden.
O alemão ficou no cativeiro por nove meses, até conseguir escapar com ajuda de um navio francês que negociou a soltura junto aos tupinambás. De volta à Europa, publicou o famoso livro a respeito da sua história. Na obra, ele detalhou também a fauna, flora e os hábitos dos povos originários. Além de relembrar essa saga, o projeto Hans Staden 500 irá explorar as grandes transformações ocorridas naquele trecho do litoral desde a época do descobrimento. A expedição é patrocinada pela Autoridade Portuária de Santos, com apoio do Ministério dos Portos e Aeroportos e do Governo Federal.