Envolvidos em máfia de apostas serão denunciados por formação de quadrilha
Manipulação de resultados, investigada há nove meses pela Operação Game Over, prevê penas de até 10 anos de prisão
O promotor de Justiça Paulo Castilho, do Juizado Especial Criminal (Jecrim), informou nesta sexta-feira que os jogadores, treinadores, dirigentes e empresários envolvidos no recente caso de máfia de apostas no futebol brasileiro serão denunciados por formação de quadrilha e manipulação de resultados. Os crimes, investigados há nove meses pela operação batizada de Game Over, preveem penas de até 10 anos de prisão.
O esquema aliciava integrantes de clubes que, em troca de dinheiro, “entregavam” resultados de partidas das Séries A2 e A3 do Paulista e competições no Norte e Nordeste para beneficiar apostadores asiáticos, sediados na Indonésia, na Malásia e na China.
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Até o momento, oito pessoas, incluindo um ex-goleiro do América de Rio Preto (SP), Carlos Luna, foram presas pela Operação Game Over, em São Paulo, Ceará e Rio Grande do Norte. Será pedido à Justiça que as prisões temporárias sejam transformadas em preventivas. “Pretendemos descobrir as ramificações, quem são os aliciadores e a quantidade de clubes envolvidos”, disse o delegado Mario Sergio Pinto nesta sexta-feira.
Segundo as investigações iniciais, os aliciadores ofereciam de 20.000 a 30.000 dólares para convencer potenciais colaboradores. Também são investigados campeonatos no Rio de Janeiro, Acre, Maranhão e há indícios envolvendo o Paranaense e o Mato-Grossense. Em São Paulo, dirigentes de vários clubes do interior disseram ter recebido proposta de integrantes da máfia: Barueri, América, São José, Assisense e Grêmio Catanduvense.
Na quarta-feira, horas depois de a ação ser deflagrada, a delegada Kelly Cristina César de Andrade concedeu entrevista em São Paulo e disse ser impossível definir a real extensão do esquema até o momento. “O inquérito vai continuar, esta é só uma primeira fase. Vamos deter esses indivíduos e ouvi-los para descobrirmos a real extensão dessas quadrilhas.” Kelly Cristina não descartou a possibilidade de campeonatos de divisões principais terem sido alvo dos manipuladores. “Ainda é a primeira fase da investigação, precisamos ouvir os detidos para avançarmos.”
(com Estadão Conteúdo)