Em depoimento, Sergio Cabral nega compra de votos para Olimpíada
Ex-governador do Rio de Janeiro, que se encontra preso, rebate acusações de que o Brasil pagou propina para sediar os Jogos Olímpicos em 2016
Em depoimento prestado a procuradores do Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro e a autoridades francesas, o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) negou ter pedido ao empresário Arthur César de Menezes Soares Filho, o “Rei Arthur”, que repassasse dinheiro a membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) a fim de que o Rio de Janeiro fosse escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016. A defesa de Cabral classificou a tese de compra de votos como “inverossímil”.
Cabral está preso no Rio desde novembro do ano passado. Ele responde a 13 processos na 7ª Vara Federal Criminal do Rio e já foi condenado a 14 anos e 2 meses de prisão pela Justiça Federal de Curitiba. O depoimento do ex-governador aconteceu no dia 6, um dia após a Polícia Federal deflagrar a Operação Unfair Play.
Na oitiva, Cabral negou qualquer participação na suposta compra de votos, e disse ainda que a acusação de que o Rio foi escolhido como sede dos Jogos de 2016 graças a pagamento de propinas é “um erro histórico” cometido contra a cidade.
Em nota, a defesa do ex-governador também refutou as acusações.
“A tese do MPF francês é inverossímil porque o Rio de Janeiro se sagrou vencedor com uma diferença de 40 votos com relação à segunda candidata, Madrid. Por essa versão, seria preciso que todos tivessem sido corrompidos, o que é absurdo”, sustentou.
A operação da PF foi amparada em investigações iniciadas há nove meses que apontam pagamentos de propinas em espécie, por meio da celebração de contratos de prestação de serviços fictícios e também por meio do pagamento de despesas pessoais. Além disso, teriam sido realizadas transferências bancárias no exterior para contas de doleiros.
Os pagamentos teriam sido efetuados por “Rei Arthur”, dono do Grupo Facility, empresa que chegou a ser o maior prestador de serviços privados do Estado do Rio de Janeiro, com contratos de 3 bilhões de reais na gestão de Sergio Cabral. Ele é considerado foragido.
(Com Estadão Conteúdo)