Deputada pede afastamento de Ednaldo Rodrigues da CBF ao Supremo Tribunal Federal
Assinatura em acordo que recolocou o presidente da entidade de volta no cargo é falsa, segundo a parlamentar

A deputada federal Daniela Carneiro (União Brasil-RJ) pediu ao Supremo Tribunal Federal o afastamento imediato de Ednaldo Rodrigues do cargo de presidência da CBF, para o qual foi reeleito em março. A parlamentar conhecida como Daniela do Waguinho fez uma petição com um laudo que afirma que é falsa a assinatura de um dos dirigentes, no acordo entre a Confederação e o STF que recolocou Ednaldo no cargo após um afastamento.
O acordo de março de 2022 foi assinado por cinco dirigentes para reconhecer a legalidade da eleição em que Ednaldo Rodrigues foi eleito presidente da CBF no mesmo ano, e foi homologada no início deste ano. A firma do Coronel Nunes, ex-vice-presidente de Ednaldo Rodrigues no último mandato, é contestada pela deputada com base em um laudo que afirma que a assinatura “não foi realizada de forma livre e consciente e sob plenas faculdades mentais” e “recaem dúvidas razoáveis acerca da autenticidade da assinatura”, segundo o GE.
A petição também menciona um laudo de 2023, assinado pelo médico da CBG, Jorge Pagura, que afirma que o Coronel “não detinha condições físicas e cognitivas para expor seu aceite a qualquer condição que lhe fosse apresentada”.
A perícia foi realizada a pedido do vereador Marcos Dias Ferreira (Podemos-RJ). O parlamentar também acionou o Ministério Público do Rio de Janeiro com base no laudo assinado pela Jacqueline Tirotti, da Tirotti Perícias Judiciais e Avaliações. O escritório também foi responsável por validar o vídeo contestado que acusa o padre Júlio Lancelotti de pedofilia e confirmar a assinatura dúbia de Ana Hickman em um documento de dívida.
O relator do caso, Gilmar Mendes, irá analisar o pedido da deputada e os novos documentos. Em janeiro de 2024, o ministro do STF concedeu uma liminar que permitiu o retorno de Ednaldo Rodrigues à presidência da CBF após destituição do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.
Relembre o caso de Ednaldo Rodrigues:
O atual presidente da CBF chegou ao cargo de maneira interina em 2021, após denúncias de assédio contra o então gestor da Confederação, Rogério Caboclo. No ano seguinte, Ednaldo Rodrigues e o Ministério Público do Rio de Janeiro assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que determinou a suspensão da ação do MP na Justiça que intervia no comando da CBF.
Em 7 de dezembro de 2023, o acordo foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Estado carioca, o que resultou na retirada de Ednaldo do cargo. A votação na 21ª Vara de Direito Privado do TJ-RJ anulou a validade do TAC assinado no ano anterior. Em menos de um mês, Gilmar Mendes concedeu liminar para que Ednaldo Rodrigues voltasse à presidência em janeiro de 2024. Segundo o ministro do STF, a decisão foi feita em face de um “evidente perigo de dano”.
O ministro Flávio Dino pediu vista do processo, em outubro de 2024, mas já finalizou sua análise e devolveu os autos. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, marcou o julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade para o dia 28 de maio.
Em fevereiro deste ano, o acordo que, até o pedido da deputada, encerrava caso homologado com a assinatura dos cinco dirigentes: Federação Mineira de Futebol, pelo ex-presidente da confederação, Rogério Caboclo, e pelos vices da entidade Antônio Carlos Nunes, Fernando Sarney, Gustavo Feijó e Castellar Guimarães Neto. Gilmar Mendes arquivou o caso em seguida, mas o julgamento do dia 28 segue de pé, e agora com mais informações para análise.