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Depois de três meses de sumiço, Justiça enfim encontra Nelson Piquet

Citado para apresentar contestação à acusação de racismo contra Lewis Hamilton, brasileiro pede arquivamento de processo

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 10 dez 2022, 10h44

Depois de mais de três meses de procura, a Justiça de Brasília conseguiu notificar o tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet para que ele apresente uma contestação judicial no processo em que é acusado de racismo e homofobia contra o heptacampeão inglês Lewis Hamilton. Em uma entrevista em 2021, Piquet descrevia a relação de rivalidade entre Hamilton e seu antigo companheiro de equipe Nico Rosberg quando se referiu ao inglês como “neguinho” que “devia estar dando o c…”. Com base nessas declarações, Piquet está sendo processado e, se condenado, pode ter de desembolsar 10 milhões de reais em danos morais coletivos e danos sociais.

Notificado no último dia 10 de novembro, Piquet apresentou sua versão dos fatos à Justiça na sexta-feira, 2, e pediu o arquivamento do caso, argumentando que, embora tenha utilizado palavras chulas e reprováveis em todos os aspectos, não é racista e tampouco proferiu discurso de ódio contra negros ou contra a comunidade LGBTQIA+. As declarações reverberaram na imprensa internacional e o Clube dos Pilotos Britânicos decidiu suspender a inscrição do brasileiro, e a Fórmula 1, banir o ex-atleta do paddock. Hamilton, por sua vez, disse em uma rede social que “essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e fui alvo por minha vida toda. Já houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”.

Na resposta à Justiça, a defesa de Nelson Piquet afirmou que o tricampeão já se retratou pelas falas impróprias e pediu desculpas “de coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, um incrível piloto” e afirmou que a tradução do termo “neguinho” por “nigger”, palavra de cunho altamente agressivo, teria tirado suas declarações de contexto. Na peça, os advogados do ex-piloto também alegam que o fato de Lewis Hamilton ter sido avo de suas palavras não permite que se apresente um pedido de danos coletivos, já que, por não haver “ofensa à população negra ou à comunidade LGBTQIA+ em geral”, apenas o inglês poderia, se quisesse, abrir um processo contra o ex-atleta. “Além de Nelson Piquet ter se retratado e desculpado espontaneamente por suas palavras, não é possível transbordar eventuais danos que ficariam restritos à esfera individual de Hamilton a toda a população negra e comunidade LGBTQIA+, muito menos configurar o uso de palavras inadequadas e de baixo calão pelo Réu como discurso de ódio”, dizem os advogados de defesa do tricampeão.

O juiz Felipe Costa da Fonseca Gomes, da 20ª Vara Cível de Brasília, já havia decidido que não era cabível uma conciliação com o ex-piloto para o encerramento do processo e agora dará andamento ao caso.

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