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Berço do futebol, Inglaterra planeja agência reguladora para o esporte

Em seu primeiro Discurso do Rei como Charles III, o monarca mencionou que será apresentada uma legislação nesse sentido

Por Da Redação Atualizado em 8 nov 2023, 06h40 - Publicado em 7 nov 2023, 19h28

Considerada o berço do futebol moderno, a Inglaterra deu nesta terça-feira, 7, sinais importantes no sentido de que pretende tornar o esporte mais transparente e saudável financeiramente para os clubes e seus torcedores. Em seu primeiro Discurso do Rei como Charles III, o monarca mencionou que será apresentada uma Lei de Governança do Futebol. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, confirmou os planos de se criar um regulador independente.

Esse órgão, no formato de uma agência reguladora, irá operar um sistema de licenciamento que será aplicado às cinco principais divisões do futebol masculino inglês, com o poder de agir em questões que incluem conformidade com a regulamentação financeira, governança corporativa e envolvimento dos torcedores. Serão impostas regras mais rigorosas aos proprietários dos clubes, serão introduzidos padrões mínimos de envolvimento dos torcedores e será vetada afiliação a ligas alternativas.

O futebol está em crise no Reino Unido. A Covid-19 devastou as finanças de clubes das divisões inferiores, e a crise econômica afetou todos os envolvidos. “O colapso do Bury FC [um dos clubes mais antigos do país], o impacto devastador da pandemia nos clubes e o plano fracassado para uma Superliga Europeia revelaram a insustentabilidade financeira de alguns clubes e a necessidade de maior responsabilização dos torcedores”, diz o texto de um documento do governo.

“Agências reguladoras não são comuns no futebol. Como via de regra elas cumprem sua função em atividades que tenham relações com o Estado ou serviços públicos, o que não é o caso do futebol. Chama atenção o fato desta agência estar sendo criada no país que tem uma das melhores organizações do futebol mundial. Portanto, parece que algo falhou nesse contexto. Será também interessante ver qual posição a Fifa terá sobre isso, já que segundo seus estatutos a intervenção governamental é proibida no futebol, ficando às federações sujeitas a uma suspensão quando tais ingerências ocorram”, explica Eduardo Carlezzo, advogado especializado em direito desportivo e sócio do Carlezzo Advogados.

O presidente da Liga Inglesa de Futebol, Rick Parry, classificou a iniciativa como um “compromisso histórico”, que ajudará a aliviar a ameaça de os torcedores perderem completamente seus clubes. Para Parry, a “pirâmide do futebol”, como é chamado o sistema de ligas do esporte na Inglaterra, é importante. “É uma força única do futebol inglês e algo que deve ser protegido e nutrido”, disse ele.

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O Fair Game, coletivo de clubes que faz campanha para melhorar a governança do futebol inglês, emitiu nota festejando o discurso e a ideia de um regulador independente. “Isso representa uma chance real de acabar com o ciclo de gastos excessivos e má gestão que tem atormentado nosso Jogo Nacional e ameaçado a própria existência de nossos clubes”, escreveu o CEO da entidade, Niall Couper. “(…) Gastos imprudentes, desconexão entre os clubes e suas comunidades e a defesa dos padrões de igualdade da boca para fora devem ser remetidos para a lata de lixo da história.”

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