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Basquete americano da NBA conquista público global e vira estilo de vida

O Brasil, nesse ambiente de sucesso feito de marketing e excelência, tem lugar de destaque: é o terceiro maior mercado da modalidade fora dos EUA

Por André Sollitto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 21 jun 2024, 15h33 - Publicado em 16 jun 2024, 08h00

É um modo de vida, muito mais do que apenas uma modalidade esportiva. As fenomenais partidas da NBA, a liga profissional de basquete dos Estados Unidos, ultrapassaram as fronteiras americanas e hoje, mais do que nunca, abraçam o mundo. Os fãs vestem as regatas e os bonés. Procuram os tênis das estrelas. Pouco importa o resultado dos jogos, o desempenho dos finalistas de 2024, à exceção, claro, de quem acompanha com olhos de especialista. As partidas do play-off entre o avassalador Boston Celtics e o Dallas Mavericks são um espetáculo de técnica e estratégia, devem ser aplaudidas, mas vale mesmo o que anda fora das quadras, para além das cestas, dos rebotes.

ELEGÂNCIA - O letão Kristaps Porzingis, do Celtics: ídolo dentro dos ginásios e ícone fashion fora deles
ELEGÂNCIA - O letão Kristaps Porzingis, do Celtics: ídolo dentro dos ginásios e ícone fashion fora deles (Brian Babineau/NBAE/Getty Images)

O interesse crescente pelo basquete é fenômeno global, visto pela TV em 214 países e territórios. Não à toa, a NBA está negociando um acordo de transmissão com a ESPN, a Amazon e a rede americana NBC. O negócio, avaliado em 76 bilhões de dólares, prevê onze anos de contrato. Cada emissora terá uma certa quantidade de jogos durante a temporada e à Disney, dona da ESPN, caberá o privilégio de transmitir as finais. Para isso, vai desembolsar 2,6 bilhões de dólares por ano. O acerto quase dobrará o faturamento da NBA com direitos de imagem, de 1,5 bilhão de dólares anuais para 2,6 bilhões de dólares. Em tempo de proliferação dos serviços de streaming, a transmissão ao vivo de eventos esportivos é um dos poucos métodos eficazes de manter as pessoas sentadas no sofá em frente da televisão em horários determinados.

O Brasil, nesse ambiente de sucesso feito de marketing e excelência, tem lugar de destaque. O país é hoje o terceiro maior mercado fora dos Estados Unidos, atrás apenas do Canadá — por razões óbvias, já que um dos times, o Toronto Raptors, é de lá — e da China. A NBA House, espaço de entretenimento instalado no Parque Villa-Lobos, na Zona Oeste de São Paulo, com imenso telão e brincadeiras, que espera receber 45 000 pessoas, virou ponto inescapável de atração. Ano a ano, nos dias das finais, tem feito parte do calendário da cidade, como as semanas de moda e os festivais de gastronomia. É expansão que reflete a audiência de 50 milhões de brasileiros que acompanham as transmissões e as repercutem nas redes sociais. “A ideia é que os fãs mergulhem no universo do torneio, como se estivessem nos EUA”, diz Rodrigo Vicentini, responsável pela NBA House.

ESTRELA - O esloveno Luka Doncic, do Dallas Mavericks: ele pode ganhar 1 bilhão de dólares ao longo da carreira
ESTRELA - O esloveno Luka Doncic, do Dallas Mavericks: ele pode ganhar 1 bilhão de dólares ao longo da carreira (Mercedes Oliver/NBAE/Getty Images)
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A estratégia de fazer o basquete viajar funciona ancorada em um outro aspecto, alimentado com vigor: muitos dos astros são estrangeiros (eles são 125, número recorde). É o caso do sérvio Nikola Jokic, do Denver Nuggets, campeão da temporada anterior. Lembre-se do letão Kristaps Porzingis, do Celtics, que acaba de retornar de uma lesão (celebrado também pelo show de elegância a caminho dos vestiários). Convém não esquecer, é claro, do esloveno Luka Doncic, do Ma­ve­ricks — ala armador que pode logo, logo alcançar salário de 100 milhões de dólares anuais, afora a publicidade, e que, segundo especialistas, ao final da carreira conseguirá juntar 1 bilhão de dólares, mais do que o mito Michael Jordan, mais do que LeBron James. Ah, tem ainda o novato, ou rookie, o gigantão francês Victor Wembanyama, do San Antonio Spurs. Na Olimpíada de Paris, com a camisa da França, ele será recebido com especial zelo, na figura de um personagem que foi brilhar na meca e aparecerá em casa.

arte NBA

O momento é realmente extraordinário e tudo indica caminho ainda mais luminoso para os próximos anos. Nas palavras de Stephen Curry, do Golden State Warriors, que em 2024 andou apagado, mas é nome incontornável e popularíssimo: “O basquete não é só esporte”. Ele tem razão e não seria errado atribuir a ribalta de agora a Jordan, que nos anos 1990 praticamente inventou um negócio, ao associar seu nome à logomarca da Nike. Ele parou de jogar em 1999, e lá se vão 25 anos. No entanto, os modelos de tênis com a assinatura do craque venderam, em 2022, algo em torno de 5,1 bilhões de dólares. Ele sozinho recebeu 250 milhões de dólares. A NBA é um palco iluminado de adrenalina, suor e muito dinheiro (veja no quadro). Chuá!

Publicado em VEJA de 14 de junho de 2024, edição nº 2897

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