Um centro de primeira linha
E-sports é esporte ou entretenimento? A controvérsia levantada pela ministra do Esporte, Ana Moser, detalhada em recente reportagem de VEJA, acabou fugindo de seu ponto central, o debate sobre a necessidade de modalidades de jogos eletrônicos receberem aporte estatal. Esta indústria já caminha perfeitamente com as próprias pernas — só em 2022, os games movimentaram 184,4 bilhões de dólares, segundo a consultoria Newzoo. No Brasil, há mais de 100 milhões de praticantes, dos quais uma parcela cada vez maior consegue viver disso. A reportagem visitou a recém-inaugurada sede da paiN Gaming, uma das maiores organizações de e-sports do país, e pôde atestar: o ambiente é 100% profissional e os jogadores de League of Legends (LoL), Free Fire e outros games levam uma rotina tão regrada quanto qualquer atleta de elite de esporte tradicional.
O centro de excelência localizado no bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo (SP), é o maior espaço do gênero na América Latina, com mais de 1.500 m². Foi inaugurado em novembro do ano passado, seguindo os moldes das maiores equipes do mundo. A construção teve início em 2020 e custou 10 milhões de reais. Ali, trabalham cerca de 100 funcionários, incluindo 40 pro players, como são chamados os atletas. Um deles é Marcos Oliveira, mais conhecido como CarioK, em alusão a seu estado natal — nos e-sports, todos têm um apelido. “O meu não é dos mais criativos”, brinca o atleta de 22 anos, caçador da equipe de League of Legends (Lol).
Logo na entrada, destaca-se uma enorme arquibancada para cerca de 150 torcedores. Os chamados paiNzetes são frequentemente convidados a assistir os jogos no telão de 3 metros de altura. No térreo, há uma loja oficial, onde a camisa da temporada 2023 é vendida a 189 reais, salas administrativas e até mesmo um museu com todos os troféus conquistados. Nas paredes, estão penduradas as camisas das doze temporadas da organização fundada em 2010. O número e o peso dos patrocinadores nos uniformes dão a medida da evolução. Atualmente, o time conta com apoiadores como BMW, Subway, Tim e JBL.
No andar superior do complexo, há cinco salas de treino para as equipes de LoL, Counter-Strike: Global Offensive e Free Fire. Há ainda quatro salas de stream, áreas administrativas e de apoio como, cozinha gourmet, copa e área de serviço. A visita se deu em semana decisiva, pois acontece neste mês em São Paulo, na sede da desenvolvedora Riot Games, o badalado Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLOL). A tensão e ansiedade estavam no ar, apesar do clima de descontração.