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O limbo de Regina Duarte: “Sigo secretária”, diz a atriz

A ex-global usou uma rede social para falar de sua passagem pelo governo, e anunciou que, em breve, divulgará um vídeo sobre seus feitos pela cultura

Por Amanda Capuano Atualizado em 5 jun 2020, 11h40 - Publicado em 5 jun 2020, 11h17

Passaram-se dezesseis dias desde que Jair Bolsonaro anunciou a saída de Regina Duarte da secretaria da Cultura por meio de um vídeo postado nas redes do governo. Ainda não exonerada oficialmente pelo presidente, a atriz assumiria a Cinemateca, mas mantém-se em uma espécie de limbo desde então, sem destino definido. “Sigo secretária, não me permito sair deixando incompletas lutas e conquistas para o Setor Cultural”, escreveu em uma postagem no Instagram na madrugada desta sexta-feira, 5 – citando a liberação do Fundo Setorial do Audivisual (FSA) pela ANCINE como exemplo.

“E por falar em Cultura… Aceitei assustada o convite para a Missão. Aceitei por amor ao meu País, por paixão irrefreável por Arte e Cultura, por confiança no governo Bolsonaro”, começou ela, esclarecendo as motivações de ter assumido o cargo. “Aceitei porque muita gente, muita gente mesmo, quando cruzava comigo, em qualquer lugar, com o olho brilhando de esperança, dizia: ‘Aceita, Regina!'”.

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Com ares de decepção, a atriz seguiu a postagem reconhecendo a inexperiência em gestão pública, ao que atribuiu o seu atraso em perceber que o projeto com que sonhava era inviável. “Eu estava enredada num universo muito mais preocupado com Ideologias do que com Cultura. As pressões cotidianas de gente que desconhece a máquina da administração pública foram companheiras constantes”, disse a ex-secretária, apontando em seguida a “torcida” nas redes sociais para que a sua gestão não se consolidasse, pintando a si mesma como uma espécie de mártir.

Por ora sem destino, a atriz segue em uma tentativa de mostrar serviço, e cravar uma espécie de “legado”, talvez tentando desenvencilhar-se da imagem negativa dominante na classe artística sobre a sua gestão. Para isso, revelou que trabalha em vídeo com textos e imagens sobre os seus feitos como ministra, que segundo ela “não foi pouca coisa”. “Em breve vou ter a alegria de comunicar as ações que minha passagem pela Secretaria Especial da Cultura deixa como legado a quem me suceder”, declarou.

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… e por falar em Cultura… … aceitei assustada o convite para a Missão. Aceitei por amor ao meu País, por paixão irrefreável por Arte e Cultura, por confiança no governo Bolsonaro. Aceitei porque muita gente, muita gente mesmo, quando cruzava comigo, em qualquer lugar, com o olho brilhando de esperança, dizia: “Aceita, Regina”! Minha inexperiência em gestão pública foi crucial para que eu descobrisse, até com certo atraso, que o Projeto de Cultura com que sempre sonhei era inviável, porque eu estava enredada num universo muito mais preocupado com Ideologias do que com Cultura. As pressões cotidianas de gente que desconhece a máquina da administração pública foram companheiras constantes. Sempre me pareceu nítido que havia uma torcida nas mídias, nas redes sociais para que a minha gestão não se consolidasse. E sigo Secretária. Não me permito sair deixando incompletas lutas e conquistas para o Setor Cultural. Um exemplo? A Convocação pelo Ministério do Turismo, da reunião do Conselho Gestor da ANCINE para que o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) seja liberado. Editais que darão novo fôlego à Cultura Brasileira serão novamente possíveis. Trabalho ainda na edição de um vídeo com textos e imagens que falam do Projeto de Cultura que pude construir com minha Equipe. Não foi pouca coisa. Em breve vou ter a alegria de comunicar as ações que minha passagem pela Secretaria Especial da Cultura deixa como legado a quem me suceder.

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Inicialmente realocada para o comando da Cinemateca, a 4 quilômetros de sua casa em São Paulo, a atriz não deverá mais assumir a função. Na postagem, não comentou a situação da instituição, que acumula salários e contas em atraso, e deve fechar aos portas até o final do ano. Na quinta-feira, 4, os funcionários fizeram uma vaquinha virtual com o objetivo de arrecadar 200.000 reais para o pagamento das remunerações atrasadas de 62 colaboradores da instituição. Desde que o governo de Jair Bolsonaro rompeu no final do ano passado o acordo com a Associação de Comunicação Educativa Roquete Pintto (Acerp), entidade responsável pela gestão administrativa da instituição, a Cinemateca não recebe os repasses federais. O futuro definitivo da Cinemateca deve ser definido até o fim da semana.

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