Coach de personagem abusada é merchandising, reconhece instituto
Atendimento de Laura (Bella Piero) por uma advogada que fez curso no Instituto Brasileiro de Coaching irrita psicólogos e divide opinião por incluir hipnose
A cena em que a advogada Adriana (Julia Dalavia) explica a Clara (Bianca Bin), a mocinha de O Outro Lado do Paraíso, que é coach e que faz hipnose, foi uma ação de merchandising do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC). A sequência, que foi ao ar na última sexta-feira e será desdobrada a partir desta terça em sessões de coach e hipnose, irritou psicólogos e dividiu opiniões mesmo entre coachs. Procurado, o IBC admitiu à reportagem ter pago pela ação promocional na novela das nove da Globo, mas não revelou o valor investido.
Adriana vai atender Laura (Bella Piero), uma garota que dá sinais de trauma psicológico relacionado a sexo e já pediu divórcio do marido, com quem acabou de se casar, por não saber lidar com a dor que o ato sexual inflige a ela. Nas sessões com a advogada, a garota vai se lembrar de ter sido abusada pelo padrasto, o delegado corrupto Vinicius (Flavio Tolezani), que Clara, seguindo seu plano de vingança, vai colocar na cadeia.
A assessoria de imprensa do IBC afirmou também que o instituto não teve controle sobre a cena. O fato de a advogada Adriana citar “coach” e em seguida “hipnose”, dando a entender que coachs hipnotizam clientes, foi, segundo a assessoria, uma confusão provocada pela sequência do folhetim. Coachs não fazem hipnose, diz a assessoria do IBC, embora o próprio instituto divulgue em seu site que o seu fundador, José Roberto Marques, é “especialista em hipnose ericksoniana”.
A cena de sexta-feira levou o Conselho Federal de Psicologia (CFP) a emitir uma nota em que chama de “desserviço” a inclusão da sequência por Walcyr Carrasco em O Outro Lado do Paraíso. Carrasco, vale dizer, fez curso de coach com José Roberto Marques em 2016 e, segundo a assessoria do instituto, partiu dele a ideia de mencionar o IBC na novela.
A questão tem potencial incendiário por tratar de um tema delicado, o abuso de uma menor, e das consequências psicológicas que isso pode ter. Em sua nota, o CFP reforça a importância de se buscar tratamento com profissionais.
Procurada, a assessoria de imprensa da Globo afirma que a emissora não tem posição até o momento.
Leia o diálogo entre Clara (Bianca Bian) e Adriana (Julia Dalavia) na cena do merchandising:
Clara: Você me disse uma vez que é coach. Eu não entendi direito.
Adriana: Para entender melhor: segundo José Roberto Marques, o principal coach do Brasil, a palavra coach talvez venha de coach, um meio de transporte antigo em inglês. É como levar a pessoa de um lugar ao outro, um destino desejado.
Clara: Não é uma terapia convencional, né?
Adriana: Não. O coach usa ferramentas mais rápidas. Por exemplo, se uma quer emagrecer, é possível emagrecer com conversas, exercícios.
Clara: Você disse também que é possível usar a hipnose?
Adriana: Sim, mas não é uma hipnose em que a pessoa faz tudo o que a outra quer, como um zumbi. É impossível. A hipnose ericksoniana é como um caminho para as memórias. Todos nós temos um segredo guardado, Clara. Às vezes, a gente passa por situações tão difíceis que esquece das coisas, é uma forma de se proteger da dor da experiência.
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