Bienal diz que ‘dá voz a todos os públicos’ e não vai recolher HQ LGBT
Marcello Crivella, prefeito do Rio de Janeiro, determinou que os livros fossem retirados da exposição por serem 'impróprios' para menores
A organização da Bienal do Livro do Rio de Janeiro afirmou, em nota enviada a VEJA, que o evento “dá voz a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser” e, por isso, não cumprirá a determinação do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, de recolher as HQs com temáticas LGBT dos estandes da exposição.
“Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados. Inclusive, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+”, afirmou a Bienal.
Em pronunciamento nas redes sociais na quinta-feira 5, Crivella afirmou que a história em quadrinhos Vingadores – A Cruzada das Crianças, da Marvel Comics, traz “conteúdo sexual para menores” e deve ser comercializada apenas se embalada em um plástico preto e lacrado, “com aviso sobre seu conteúdo”. O prefeito pediu ainda que os livros fossem recolhidos pela organização do evento.
A direção, contudo, afirmou que os livros continuarão nos estandes para venda e que, depois do pronunciamento do prefeito, os exemplares se esgotaram em menos de uma hora.
Os organizadores ainda informam que se caso um visitante adquira uma obra que não o agrade, “ele tem todo o direito de solicitar a troca do produto, como prevê o Código de Defesa do Consumidor”.
Antes do pronunciamento de Crivella, vereadores do Rio de Janeiro já haviam pedido o recolhimento do livro pela Bienal, afirmando que poderia “despertar a atenção” de crianças presentes no evento.
“Não dá para admitir covardia contra as nossas crianças. Propagação e divulgação homossexual para as crianças e os pais comprando pensando que é um livro infantil. Se um homem quer se deitar com outro homem, o problema é dele. Se uma mulher quer ter relação com outra mulher, o problema é dela. Agora tentar descer goela abaixo isso nas nossas crianças é uma patifaria, coisa de bandido e de covarde. Isso está sendo vendido na Bienal”, disse em discurso o vereador Alexandre Isquierdo (DEM-RJ).