Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Animação e série na Netflix confirmam o talento incômodo de Ricky Gervais

Eis um humorista politicamente incorreto, mas de bom senso

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 Maio 2020, 09h31 - Publicado em 30 abr 2020, 19h00

“Se você gosta de histórias sobre famílias unidas, cujo amor supera todas as dificuldades e que vivem felizes para sempre… este filme não é para você, o.k.?” A frase de abertura da simpática animação Os Irmãos Willoughby, recém-lançada pela Netflix, não é só uma das muitas tiradas afiadas do roteiro: ela é, de fato, um aviso. O alerta vem do narrador, um rechonchudo e mal-humorado gato de rua que vai acompanhar as aventuras dos quatro irmãos protagonistas do título — e até interferir nelas, quando achar conveniente. As pequenas intromissões do bichano dão novos rumos à tenebrosa vida das crianças. Tratados pelos pais como empecilhos à sua rotina de romance e ociosidade, os pequenos e coloridos personagens só veem uma solução para ser felizes: virar órfãos.

+ Compre o livro The Willoughbys, versão em inglês

Não se trata, enfim, de um filme à la Disney. A produção é um espelho perfeito de sua maior estrela humana: o inglês Ricky Gervais, que faz a voz do gato e é um dos produtores executivos. Sincerão, meio rabugento e dotado de uma verve cortante, o personagem incute subversão em uma animação toda fofa. A trama, que pode fazer com que pais mais sensíveis arregalem os olhos, é uma adaptação do livro de Lois Lowry, de 2008. Nele, a octogenária autora americana satiriza o clichê de que crescer numa família de comercial de margarina é a melhor garantia de felicidade para uma criança. Em sua divertida jornada, os Willoughby reinventarão o conceito sobre um clã harmonioso.

FARPAS - Gervais: tiradas que deixaram até Tom Hanks sem graça (Nathan Congleton/NBCU/Getty Images)

O ator, produtor e roteirista Gervais, de 58 anos, é uma figura tão provocadora quanto brilhante. Em tempos nos quais o humor se vê emparedado nos excessos da correção política e em seu oposto, a comédia que não abre mão das piadas acintosas e sexistas, Gervais trilha um caminho alternativo capaz de irritar os dois lados. Ao apresentar o Globo de Ouro 2020, provocou risos amarelos na plateia de celebridades com suas tiradas sem filtros: um chocado Tom Hanks até virou piada na internet. “Se você ganhar um prêmio, não faça um discurso político. Vocês não sabem nada do mundo real. A maioria de vocês passou menos tempo na escola que Greta Thunberg”, estocou Gervais.

Continua após a publicidade

+ Compre o livro O doador de Memórias, de Louis Lowry

O ator é cáustico, mas oferece algo que boa parte dos expoentes da incorreção política não tem: noção. Ele não debocha do oprimido nem de minorias: prefere piadas ácidas com os que se acham superiores ou salvadores daqueles. Para o bem ou para o mal, tipos tortos são seus favoritos. Como prova o fenômeno que lhe deu projeção, o sarcástico The Office (2001-2003), sobre as idiossincrasias de um escritório e seu detestável chefe, protagonizado por ele (também criador da série). The Offi­ce fez do humorista um nome concorrido no cinema e na TV.

+ Compre o DVD da segunda temporada de The Office, com Ricky Gervais

No ano passado, contudo, Gervais mostrou uma nova e perturbadora faceta em After Life. Melancólica — aqui, até derruba algumas lágrimas —, a série acompanha um marido que não supera a morte da esposa. Niilista e irascível, ele trata a todos com uma sinceridade que dói. A segunda temporada do programa estreou na Netflix na mesma semana da animação dos irmãos Willoughby, o que comprova a versatilidade do comediante. Gervais diz que After Life foi inspirada na paixão que sente pela mulher, a autora Jane Fallon, com quem está há 38 anos. “Eu ficaria perdido sem ela.” Sobre a animação, ele se reconhece totalmente em seu personagem: por achar que filhos demandam muito cuidado, preferiu ter um gato. Eis um felino de língua ferina.

Continua após a publicidade

Publicado em VEJA de 6 de maio de 2020, edição nº 2685

CLIQUE NAS IMAGENS ABAIXO PARA COMPRAR


The Willoughbys, versão em inglês

O doador de Memórias, de Louis Lowry

The Office, com Ricky Gervais

*A Editora Abril tem uma parceria com a Amazon, em que recebe uma porcentagem das vendas feitas por meio de seus sites. Isso não altera, de forma alguma, a avaliação realizada pela VEJA sobre os produtos ou serviços em questão, os quais os preços e estoque referem-se ao momento da publicação deste conteúdo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.