Universidades amanhecem paralisadas e com protestos contra cortes
Nesta quarta-feira, às 15h, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, vai ao Congresso explicar contingenciamento das verbas da pasta
Alunos, professores e funcionários de diversas instituições de ensino fazem uma paralisação nesta quarta-feira, 15, em protesto contra os cortes de verbas na educação.
Na Universidade de São Paulo (USP), instituição estadual que foi afetada pelas reduções de despesas para bolsas de pós-graduação, manifestantes fecham uma das entradas da Cidade Universitária e parte das vias no entorno da sede principal da instituição, no Butantã, na Zona Oeste da capital paulista. Está previsto para as 14h um protesto na Avenida Paulista, próximo ao vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp).
Em Fortaleza, as ruas do bairro do Benfica amanheceram fechadas por manifestações de alunos da Universidade Federal do Ceará (UFC). Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o protesto na região envolveu cerca de oitenta estudantes. No Distrito Federal, discentes de medicina da Universidade de Brasília (UnB) fazem o protesto com atendimentos médicos para a população na rodoviária da capital federal.
Em Belo Horizonte, o ato começou no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), na avenida Amazonas, bairro Nova Suíça, na Zona Oeste da cidade. As manifestações miram a decisão do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do ministro da Educação, Abraham Weintraub, de contingenciar gastos do MEC com universidades e programas de pós-graduação. Em alguns locais, as bandeiras também incluem críticas à reforma da Previdência.
De acordo com o governo, os cortes são necessários em razão do déficit fiscal nas contas públicas. Parte dos cartazes nos protestos cita a expressão “balbúrdia”, usada por Weintraub na primeira declaração pública sobre a necessidade de contingenciar – cortes que podem ser posteriormente revertidos – gastos. Naquele momento, o ministro citou apenas três universidades, a UnB, a Universidade Federal Fluminense (UFF) e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), que teriam suas verbas reduzidas por fatos ocorridos em dissonância com o que ele acredita serem os objetivos das instituições.
Em meio aos protestos, às 15h, Abraham Weintraub deverá comparecer à Câmara dos Deputados para prestar esclarecimentos. Ele já iria ao Legislativo, na Comissão de Educação, mas uma derrota do governo transformou o convite em convocação (não pode ser recusado) e transportou a sabatina para o Plenário, onde participam os 513 deputados. A convocação foi aprovada por 307 votos a favor e 82 contra.
Paralisação
Em nota divulgada na terça-feira 14, a União Nacional dos Estudantes (UNE) estimou em 82 as instituições, entre universidades públicas, privadas e institutos federais, que estarão paralisadas ao longo desta quarta-feira. O protesto também deve ser realizado por professores de redes estaduais e municipais de educação.
Adesões
Na lista das instituições que aderiram estão a USP, a UFBA, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade de Brasília, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), entre outras.
Entidade que representa os servidores da área, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), afirmou que greves e atos foram convocados para todos os estados do Brasil. Organizações voltadas à educação também anunciaram adesão ao movimento nacional – entre elas, a Associação de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), a Associação Brasileira de Currículo (ABdC), a Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec), a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (Anfope) e o Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio.
As principais concentrações devem ocorrer em frente ao Masp, em São Paulo; no Museu da República, em Brasília; na Praça da Estação, em Belo Horizonte; na Praça da Bandeira, em Fortaleza; na Praça Santos Andrade, em Curitiba; na Praça do Congresso, em Manaus; em frente à Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro; e no Ginásio Pernambucano, em Recife. Em Porto Alegre, os atos acontecerão em dois locais: Esquina Democrática e Palácio Piratini.