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Exclusivo: Entrevista completa com diretora do ensino médio do Colegio Santa Cruz

Pela primeira vez, a diretora do EM, Marina Nunes, comenta o caso de violência em ambiente virtual

Por Redação Atualizado em 5 abr 2025, 10h15 - Publicado em 5 abr 2025, 02h35

Desde que a equipe pedagógica do Colégio Santa Cruz, um dos mais tradicionais de São Paulo, tomou conhecimento de casos de violência virtual em um grupo de WhatsApp que reunia os alunos do Ensino Médio, no final de janeiro, o dia a dia da escola tem sido marcado por discussões em torno do tema.

Assim que o caso veio à tona, 34 alunos foram imediatamente suspensos por iniciativa da diretoria e alguns posteriormente expulsos. Os nomes dos envolvidos são mantidos em sigilo por parte da escola, mas VEJA entrou em contato com pais e alunos nas duas últimas semanas para a reportagem que ilustra a capa da atual edição. Alguns deles estão diretamente envolvidos, como vítimas, nos episódios de assédio. Todos falaram sob a condição de anonimato por temerem que a exposição prejudique ainda mais suas vidas.

Segundo relatos, os alunos do primeiro e do segundo ano do Ensino Médio eram impedidos de usar um banheiro que, na ótica dos estudantes do terceiro ano, seria de uso exclusivos dos mais velhos. Além disso, foram compelidos a mandar vídeos de conteúdo machista, informando quem eram “seus alvos” (garotas com quem pretendiam se relacionar). Apesar de discordar de muitas das conversas que aconteciam no ambiente virtual, todos permaneciam ali, em uma espécie de pacto de silêncio.

Todos os ouvidos foram unânimes em afirmar que o clima de respeito melhorou no ambiente escolar depois das providências tomadas. Muitos, porém, são céticos em relação às mudança mais profundas de pensamento. Uma manifestação de alunos do primeiro ano, em apoio aos colegas do terceiro, chegou a ser organizada.

Até o o momento o Santa Cruz não havia se pronunciado sobre o episódio.  A VEJA, Marina Nunes, diretora do Ensino Médio, aceitou responder perguntas por e-mail.

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Os relatos divulgados na imprensa indicam que o grupo de whatsapp constituído por alunos que praticavam bullying no colégio existia há algum tempo. Qual a dificuldade a escola tem em identificar esse tipo de iniciativa, que ocorre longe dos olhos dos educadores? Um aspecto do funcionamento dos grupos de WhatsApp, especialmente dos masculinos, é o estabelecimento de um pacto de silêncio muito forte. Ninguém “vaza” o grupo. A existência de pactos de silêncio entre adolescentes tem sido percebida pelos educadores da escola, que vão rompendo com isso, por meio de ações diretas que mostram que é possível confiar nos adultos do entorno.

Além das medidas disciplinares , quais medidas providências foram tomadas para tratar do tema na comunidade escolar? Toda situação de conflito requer uma análise própria. Como passos essenciais temos sempre a escuta de quem está sofrendo a violência e o cuidado de que estas pessoas acompanhem e estejam de acordo com as ações que vamos realizando. Escutar e dialogar com todos os envolvidos também é importante, além de não negar ou amenizar os conflitos e de não estabelecer julgamentos apressados. A partir dessas premissas temos conseguido boas análises e encaminhamentos, mesmo que isso resulte em decisões difíceis.

A escola mudou sua abordagem em relação ao tema após esse episódio? O caso da violência virtual envolvendo um grupo de alunos da escola reforçou o compromisso que já havíamos assumido de discutir as relações de gênero, os preconceitos, e especialmente, as masculinidades, com todos os nossos alunos, com ações já planejadas nesse sentido. Vale destacar que esse assunto nos preocupa há algum tempo e também está inserido em discussões curriculares que envolvem as diferentes disciplinas, tanto na abordagem dos conteúdos quanto nos temas pertinentes a cada uma delas, por meio da Literatura, da História, bem como de todas as disciplinas ligadas às Ciências da Natureza e às Ciências Humanas.

Quais novos protocolos foram adotados? Com os alunos envolvidos mais diretamente neste caso iniciamos grupos de discussão assessorados por dois especialistas, com dez encontros que vão abordar o tema e ajudar os alunos a refletirem sobre como estes jovens querem se apresentar como homens neste mundo, que induz a certos comportamentos, e o que é preciso para isso. O trabalho também prevê alguns encontros de discussão com as meninas da escola e, como já citado, momentos com todos os alunos de cada uma das séries do Ensino Médio. 

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