“A cara do governo Bolsonaro”, diz Abraham Weintraub sobre o Enem 2019
Em Brasília, o ministro da Educação comentou a ausência de questões sobre 1964 no exame e ressaltou que a prova não tem a função de doutrinar
Às dezoito horas deste domingo, encerrou-se o primeiro dia de Exame Nacional do Ensino Médio do governo de Jair Bolsonaro. Alvo de polêmicas desde a campanha presidencial por conta de questões consideradas “doutrinárias” pelo então candidato, a prova trouxe textos mais curtos, um tema de redação surpreendente – a democratização do acesso ao cinema – e nenhuma pergunta sobre a ditadura militar, figurinha carimbada nas últimas oito edições do exame. Em entrevista coletiva em Brasília, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que este é o primeiro “Enem do novo ciclo”. “Não fica doutrinando, não fica buscando polêmica. Nem o pessoal mais à esquerda está criticando”, disse o ministro.
Ao lado do diretor-presidente do Inep, Alexandre Lopes, Weintraub ressaltou que não escolheu as questões e que só teve acesso ao exame hoje pela manhã. “Nossa orientação para o time que escolheu as questões foi para que a prova selecionasse as pessoas mais qualificadas. O objetivo do Enem não é doutrinar”, afirmou. O ministro disse ainda que a discussão sobre 1964 não leva “a lugar nenhum”. “Podemos falar em regime militar ao invés de ditadura, mas é uma discussão que não vai levar a nenhum lugar. Ao contrário das edições anteriores, onde vimos sujeira, doutrinação e problemas cabulosos com gráficas, este exame foi um sucesso. A cara do governo Bolsonaro”, avaliou.
Weintraub garantiu ainda que o vazamento da página da redação nas redes sociais não gerou prejuízos para nenhum dos participantes, uma vez que a foto foi veiculada após a divulgação oficial do tema pelo próprio MEC. A suspeita é de que o material tenha sido publicado por um aplicador, que teve acesso aos cadernos de três faltantes. “A Polícia Federal já está investigando tudo. O impacto que esse mau elemento, essa pessoa vil, fez, foi zero. Essa pessoa não tem respeito pelas demais pessoas que estavam trabalhando para fazer uma coisa decente”, disse o ministro.