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Recuperação de bares e restaurantes só virá em dezembro, aponta associação

Para evitar quebradeira, Abrasel pede tratamento especial ao setor; pandemia pode acabar com 300 mil estabelecimentos e 1,5 milhão de empregos

Por Felipe Mendes Atualizado em 4 set 2020, 23h37 - Publicado em 4 set 2020, 13h53

Era noite de 25 de agosto, uma terça-feira, quando o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, recebeu Jair Bolsonaro (sem partido) e outros figurões do governo, no congresso realizado anualmente pela entidade, no hotel Royal Tulip Brasília Alvorada, no Distrito Federal. Apesar de aparente proximidade, os caminhos de Solmucci e Bolsonaro dificilmente se cruzariam não fosse o novo coronavírus. Foi após reunião com o CEO da Ambev, Jean Jereissati, no início de março, para traçar um plano de contingência aos estabelecimentos, que Solmucci acionou o amigo e então secretário Rogério Marinho, hoje ministro do Desenvolvimento Regional. Marinho foi o elo entre as dificuldades do setor e o presidente Bolsonaro. Um encontro foi marcado para o dia 16 de março. A conversa ganhou maiores proporções e a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Juntos, eles tentaram antever o problema que a pandemia deixaria na economia. Falou-se em ações que se materializaram posteriormente como o auxílio emergencial, programas de proteção às empresas e aos empregos, e a necessidade da liberação de crédito por parte dos bancos. O reencontro, cinco meses depois do primeiro contato, foi uma oportunidade para celebrar o sucesso, em parte, dos projetos.

Além do presidente da República, os ministros Marinho e Marcelo Álvaro Antônio, do Turismo, participaram da nova discussão. Pode-se falar que o sucesso aparente das medidas não se refletiu tanto no mercado de bares e restaurantes. Apenas metade das micro e pequenas empresas ouvidas pela associação conseguiram ter acesso ao Pronampe, programa de apoio engendrado pelo governo. Com muitos estabelecimentos sem recursos para pagar contas e funcionários e para repor os estoques, não são poucos que estão preferindo permanecer de portas fechadas, mesmo com a reabertura parcial do setor.

No reencontro com o presidente, Solmucci fez questão de ressaltar o panorama atual. Dos 1 milhão de estabelecimentos do setor, que emprega seis milhões de pessoas, espera-se que cerca de um terço não tenha fôlego para superar o momento ainda delicado de caixa. A luta, segundo ele, é para que os bares e restaurantes sobrevivam até dezembro, quando poderão vislumbrar uma recuperação mais vigorosa. “O setor está fragilizado. Temos uma situação desafiadora para chegar até dezembro, que será o momento em que os estabelecimentos que sobreviverem, começarão a faturar igual ou até melhor do que antes da crise”, projeta Solmucci. “O mercado como um todo vai estar 10% menor por conta do desemprego e da queda de renda das famílias. Mas, como a oferta caiu 25%, quem sobreviver pode começar a faturar mais”.

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Bolsonaro, aparentemente, se sensibilizou. Pediu ao ministro do Turismo que coordenasse um grupo de apoio a bares e restaurantes e demais segmentos ligados ao turismo, como casas de shows. A prerrogativa para o tratamento diferenciado é que outras nações ofereceram pacotes de estímulo específicos para os setores mais acometidos pela Covid-19. “A situação está pior do que nós imaginávamos antes da reabertura. Apenas um terço das empresas vai contratar na retomada. Como muitos demitiram mais da metade da equipe durante a pandemia, a falta de geração de novos empregos é uma surpresa, para mim, negativa”, diz Solmucci. “Vamos nos reunir com o secretário especial Carlos da Costa e com o ministro do Turismo em breve para buscar apoio específico ao setor de bares e restaurantes. Isso é fundamental”. Segundo ele, 300.000 estabelecimentos e 1,5 milhão de empregos podem ser perdidos em decorrência da crise no setor.

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Uma pesquisa realizada pela entidade mostra que 68% dos donos de bares e restaurantes pelo país estão registrando baixo faturamento na reabertura e prejuízos que só se acumulam. Apesar de terem se desfeito de funcionários durante o período em que estiveram fechados, 65% dos estabelecimentos não pretendem contratar. Dentre aqueles que tentaram ser socorridos pelas linhas de crédito ofertadas pelos bancos, como o Pronampe, somente 45% foram atendidos. Até por conta disso, 42% dos empresários do setor dizem não ter capital de giro suficiente para reabrir os estabelecimentos. Segundo Solmucci, ainda existe um outro problema. “Em algumas cidades, como Belo Horizonte, os estabelecimentos só podem abrir aos fins de semana. Isso é um absurdo. Cada prefeito resolveu fazer um regulamento para chamar de seu”, desabafa. “Não está fácil, não.”

A maior parte desse mercado é formado por micro, pequenos e médios empreendimentos. Uma luz para aqueles que não conseguiram acessar crédito até o momento é que o Ministério da Economia anunciou recentemente uma nova fase do Pronampe, com mais recursos. Mais de 12 bilhões de reais foram liberados para os bancos. Nesta nova fase, o limite de cada operação é de 100.000 reais. O governo decidiu adotar esse teto para distribuir melhor o montante e permitir que mais empresários consigam acesso aos recursos. A média de valor de cada operação na primeira fase do Pronampe foi de 87.000 reais. “Essa segunda liberação foi muito positiva. Imagino que vá atender à maioria dos custos das empresas que não conseguiram empréstimo na primeira fase”, avalia o presidente da Abrasel.

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