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Bolha Covid: ações de tecnologia chegaram ao topo?

Zoom, Tesla, Facebook, Amazon despencaram nesta quinta e seguem em queda hoje; Apple perdeu 180 bilhões de dólares só ontem. Correção ou mercado urso?

Por Josette Goulart Atualizado em 4 set 2020, 11h41 - Publicado em 4 set 2020, 09h30

“Rendeu muito este período de ‘zoom'”, escreveu outro dia o bilionário Jorge Paulo Lemann para um colega, gabando-se de como, por viajar menos, teve mais tempo. Assim como o empresário, milhões de pessoas passaram a usar o aplicativo Zoom para reuniões. E é por essas e outras que as ações da empresa do Vale do Silício explodiram durante a pandemia do coronavírus, tornando a companhia num colosso de 100 bilhões de dólares. É três vezes mais que o valor da Ambev, a cervejaria brasileira que alçou Lemann ao topo do mundo corporativo. Mas, no começo da semana, as ações do Zoom mostraram que havia espaço para mais valorização e em um único dia subiram 40% na Nasdaq. Parecia haver justificativas para isso. Os resultados do segundo trimestre mostraram que a situação da empresa é ainda melhor do que os investidores esperavam. E o otimismo estava transbordando na bolsa americana. O apetite pelas ações de tecnologia era tamanho que as ações da Apple e da Tesla também dispararam na segunda-feira simplesmente porque as empresas desdobraram as suas ações – por exemplo, dividindo cada ação em duas –, o que costuma dar liquidez aos papéis, ao facilitar a negociação em preços menores. Mas a euforia foi tanta que, nesta quinta-feira, os investidores começaram a se questionar se não estava um tanto exagerada. Resultado: alguém começou a vender e um monte de gente foi atrás, com a Nasdaq caindo mais de 5% no dia, afetando ações também no Brasil. Nesta sexta, a Nasdaq já abriu em queda livre. 

O estrategista-chefe da Avenue, uma corretora para brasileiros que querem investir diretamente em ações americanas, William Castro Alves, diz que não houve um motivo forte para que a Nasdaq caísse tanto, sejam dados econômicos ou políticos. Para ele, parece mais que os investidores perceberam que as ações de tecnologia estavam caras e venderam para adquirir ações que estavam há muito tempo defasadas, como a de empresas de cruzeiros ou lojas como a Macy’s. De fato, essas ações subiram no pregão de quinta. Mas o que os analistas começam mesmo a se questionar é se os preços das empresas de tecnologia não podem cair mais. Existiria uma nova bolha das pontocom, como a do começo dos anos 2000? Em agosto, muito já se falava em bolha da Covid com os investidores se posicionando como se a única coisa que tivesse restado ao mundo fosse a internet. E assim as empresas valorizaram 100%, 200%, 300%, 400%, 500%, como foi o caso do Zoom.

Mesmo com os alertas de bolha, as techs continuaram a subir em agosto. A Tesla, por exemplo, a empresa de Elon Musk, que fabrica carros elétricos, se valorizou 70% no mês só porque os investidores ficaram na expectativa de um grande anúncio de uma nova tecnologia de bateria. Afinal, em setembro, Musk se encontra com os investidores da empresa. A expectativa, então, era de um anúncio bombástico. Aí, de repente, a empresa caiu 22% nos três primeiros dias de setembro. A Apple, que bateu os 2 trilhões de dólares em valor de mercado também em agosto, continuou subindo porque os investidores agora querem acreditar que o 5G vai fazer a empresa vender como nunca. O fundador do Suno Research e investidor de longa data em Apple, Tiago Reis, suspeita que possa haver algum exagero na cotação: o valor da companhia é hoje 40 vezes o que ela deve lucrar no ano. Pelas suas análises em fundamentos da empresa, isso deveria ser de 10 a 15 vezes. Ele não recomenda a compra de ações da Apple, mas também não recomenda vender. Nesta quinta-feira, as ações da Apple caíram 8%. Trilionária do jeito que é, perdeu 180 bilhões de dólares em valor de mercado na quinta, a maior perda em valor da história. Hoje a ação já está caindo quase 6% e a Apple não vale mais os 2 trilhões de dólares.

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Amazon, Facebook, Microsoft, Google (Alphabet), Apple, Tesla, Zoom. Em menor ou maior grau, todas as ações tiveram um comportamento parecido no ano. Uma queda em março para uma curva crescente até agora. A dúvida é se a queda desta quinta e sexta-feira é apenas uma correção de preços ou se tem um mercado de urso – como os especialistas chamam os períodos de baixa – a caminho para as empresas de tecnologia. No Brasil, o efeito da queda das techs em Nova York, se refletiu nas perdas das ações das empresas de e-commerce. “Elas são as nossas techs na bolsa”, diz Reis, da Suno Research. São elas hoje que materializam na B3 esta nova onda de investimentos em internet. E foi assim que Magazine Luiza caiu 5%; Via Varejo, quase 7%; B2W, 7,5%; e Mercado Livre, quase 10%. Agora a expectativa está no fechamento do mercado nesta sexta-feira. O urso está à espreita?

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