Para Guedes, economia mundial desacelera mas Brasil vai em direção oposta
Para ministro Paulo Guedes, país deve priorizar avanço das reformas; segundo ele, epidemia do coronavírus foi só a 'gota d'água' para economia global
Interpelado por uma série de questionamentos acerca do impacto do novo coronavírus (Covid-19) na economia mundial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi taxativo. Disse, ao chegar ao Ministério da Economia, na manhã desta segunda-feira, 9, que o mundo está desacelerando, mas que isso não é um fenômeno visto no Brasil. “A Índia reviu a sua projeção de crescimento para baixo. A China reviu o crescimento para baixo. O mundo todo está em desaceleração. O coronavírus só acelerou a queda”, afirmou Guedes.
Independentemente da crise que se aflora mundo afora, o país caminha, segundo Guedes, em direção oposta. “O Brasil está em reaceleração. O Brasil começou o ano passado com a metade do crescimento do último ano do [ex-presidente] Michel Temer. Só que a Argentina desabou e teve também Brumadinho. Com essas duas tragédias econômicas, no início do ano passado, a taxa de crescimento caiu”, disse.
“Temos de manter absoluta serenidade e a melhor resposta à crise são as reformas. Vamos mandar a reforma administrativa, o pacto federativo já está lá, vamos mandar a reforma tributária e seguir nosso trabalho”, disse o ministro. “Se fizermos as coisas certas, o Brasil reacelera. Se fizermos as coisas erradas, o Brasil piora”.
Guedes citou as reformas administrativa e tributária, cujas propostas ainda não foram enviadas ao Congresso Nacional, e as propostas de emenda à constituição (PEC) do pacto federativo e da emergência, ambas encaminhadas ao Legislativo no fim do ano passado pela equipe econômica, como necessárias para que o país deslanche. Em 2019, a economia cresceu 1,1%. A expectativa para o mercado financeiro em 2020 é de 1,99%, segundo o Boletim Focus divulgado nesta segunda. É a primeira vez que o mercado prevê crescimento abaixo da casa dos 2% neste ano.
A declaração de Guedes ocorreu praticamente simultânea ao colapso do Ibovespa. Com a guerra pelo preço do petróleo e os avanços da Covid-19, o Ibovespa registrou queda de 10%. Para proteger os papéis contra a excessiva volatilidade, a B3 acionou, pela primeira vez desde 2017, o circuit breaker, mecanismo que suspende as negociações na bolsa. Naquela ocasião, o mercado viu queda acentuada diante da revelação de uma gravação em que o então presidente Temer encorajava a compra do silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha e o operador Lúcio Funaro, ambos presos na Lava Jato. O evento ficou conhecido como ‘Joesley Day’ entre os investidores.