Mercado reage mal a êxito de Kirchner e bolsa argentina despenca 30%
Peso tem desvalorização de mais de 30% depois de resultado das primárias indicar favoritismo da chapa da ex-presidente; BC do país sobe juros a 74%
Os mercados argentinos sentiram o impacto da prévia presidencial de domingo, após o desempenho do presidente Mauricio Macri, que ficou 15 pontos porcentuais atrás do candidato de oposição Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como companheira de chapa. A moeda argentina despencou mais de 30% alcançando os 60 pesos por dólar, recorde histórico. Na sexta a cotação era de 46,57 pesos por dólar. O índice Merval, o mais importante da bolsa de valores do país, caía 30% por volta das 12h de Brasília.
Na tentativa de conter a disparada da moeda argentina, Macri se reuniu com alguns de seus ministros e o presidente do Banco Central Argentino, Guido Sandleris, segundo jornais argentinos. A solução encontrada foi subir a taxa de juros do país a 74%. Na sexta era de 63,38%.
Macri é visto pelos investidores como o candidato pró-mercado. No entanto, com 98,75% das urnas apuradas, Alberto Fernández tem 47,66% dos votas contra 32,09% de Mauricio Macri. A vantagem de Fernández superou de longe a margem de 2 a 8 pontos porcentuais esperada nas recentes pesquisas de opinião.
A eleição na Argentina foi uma primária para definir os candidatos presidenciais de cada partido e funcionam como um termômetro para o pleito de outubro.
O país vive situação delicada economicamente, com recessão e inflação de 55%. Ainda assim, investidores enxergam a candidatura da chapa de Kirchner como uma perspectiva mais arriscada do que Macri.
O Bank of America Merrill Lynch comunicou que a vitória de Fernández foi muito mais extrema do que seu cenário “pessimista”. “Esperamos vendas significativas em ativos cambiais e forte pressão no ARS (peso argentino), com potencial desvalorização nas próximas semanas”, comunicou, em nota.
Em entrevista à uma rádio argentina nesta segunda-feira, Fernández afirmou que “os mercados reagem mal quando percebem que foram enganados. Estamos vivendo uma economia fictícia e o governo não está dando respostas”.
(Com Reuters)