Discurso do presidente do BCE esfria ânimo dos investidores e bolsa cai
Ibovespa tem queda de 1,4% após chefe da instituição europeia afirmar que não há consenso para corte de juros; dólar sobe 0,4%
Após abrir em alta e acima dos 104 mil pontos, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores paulista, inverteu os rumos e fechou esta quinta-feira, 25, com queda de 1,4%, aos 102.654,58 pontos. O desempenho negativo foi pelo balde de água fria jogado pelo presidente do Banco Central Europeu em relação à expectativa de sinais de corte na taxa básica de juros na zona do euro. Além disso, o balanço financeiro divulgado pelo Bradesco também impactou o índice.
Em discurso, o presidente do BCE, Mario Draghi, afirmou que a instituição não discutiu mudanças na política monetária nesta reunião e que vai esperar mais dados econômicos para agir. Hoje, o BCE manteve a taxa de juros da zona do euro. Apesar de a manutenção ter ficado dentro do que a maioria esperava, alguns analistas financeiros chegaram a estimar recuo neste encontro. “Havia uma expectativa quanto a sinais sobre corte de juros. Estava todo mundo em compasso de espera. Isso tira um pouco as estimativas quanto ao Fed (que se reúne na próxima semana para definir os rumos da taxa de juros)”, diz Pedro Galdi, analista da Mirae Asset.
A interpretação do BCE pode diminuir o debate sobre um recuo mais agressivo da taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, de 0,50 ponto porcentual, no Comitê de Política Monetária (Copom) na semana que vem. Além da sinalização do BCE, dados econômicos acima do esperado nos Estados Unidos apoiam a discussão sobre um corte de 0,25 ponto porcentual pelo Fed, também na próxima semana, conforme operadores do mercado financeiro.
O presidente do BCE afirmou que a perspectiva econômica está “piorando mais e mais” na zona do euro à medida que os riscos continuam a pender para o lado negativo e que os sinais emitidos pelos indicadores econômicos mostram um enfraquecimento no crescimento da economia tanto no segundo trimestre como no terceiro. De acordo com o BCE, há riscos comerciais e geopolíticos no horizonte, além da possibilidade de o Reino Unido sair da União Europeia (Brexit) sem que haja um pacto entre as duas partes.
No mercado interno, detalhes do balanço financeiro do banco Bradesco influenciaram negativamente o desempenho da bolsa de valores. As ações PN da instituição financeira sofreram tombo de 5,82%, apesar da alta do lucro do banco no segundo trimestre. Segundo operadores, a receita de tarifas e despesas surpreenderam negativamente, enquanto a desaceleração da carteira também chamou a atenção.
Enquanto isso, o dólar comercial subiu 0,4% e foi negociado, em média, a 3,78 reais para a venda, em meio a dúvidas sobre a disposição dos bancos centrais para aumentar a liquidez no mundo, expectativa essa que nas últimas semanas patrocinou a valorização do real e de outras moedas emergentes.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)