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Com inflação alta, mercado projeta que Selic dobre até o fim do ano

Segundo Boletim Focus, economistas estimam que taxa suba, dos atuais 2,75% para 5,50%, chegando ao patamar de 2019; Copom se reúne na próxima semana

Por Larissa Quintino Atualizado em 26 abr 2021, 20h26 - Publicado em 26 abr 2021, 09h26

Em março, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reverteu um movimento de pouco mais de meia década, e voltou a subir a taxa de juros. Com a inflação acelerada, houve alta de 0,75 ponto porcentual na Selic, chegando a 2,75%, e o indicativo de que as altas continuariam caso as condições macroeconômicas não se revertessem. As vésperas da nova reunião, que acontece nos dias 4 e 5, economistas consultados pelo BC estimam que a Selic continue a subir e dobre até o fim do ano, chegando a 5,50%. As projeções estão no Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, 26.

Com a alta, a taxa de juros, que iniciou 2021 na mínima histórica de 2%, encerraria o ano no patamar de 2019. Na ata da última reunião, o Copom afirmou que aumentaria a taxa “na mesma magnitude”, ou seja, de 0,75 ponto porcentual na reunião de maio se as condições não se revertessem. A inflação, principal motivo da alta dos juros mantém a tendência e continua acelerada. Em março, por exemplo, o IPCA subiu 0,93%, maior alta para o mês desde 2015. Na visão dos economistas consultados pelo BC, a tendência não mudou, e a inflação deve fechar o ano em 5,01%, bem distante dos 3,75% do centro da meta e próxima ao teto, de  5,25%.

A inflação serve como um termômetro da economia e diversas variantes a afetam. No ano passado, o índice chegou a ter deflação entre abril e maio, devido à queda do consumo e, posteriormente, voltou a subir com o reaquecimento da economia. Com maior demanda no Brasil e no mundo por alimentos, além de outras variáveis como o real desvalorizado e commodities caras, os preços começaram a subir e impactaram no indicador, que fechou o ano em 4,52%, acima do centro da meta de 4% definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

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O movimento deste ano é mais disseminado: além do real desvalorizado e commodities caras, os preços administrados — aqueles que são reajustados periodicamente — também pesam. Em maio, por exemplo, o gás encanado vai subir 40% nas distribuidoras, alta que deve chegar ao consumidor.

A subida dos juros é uma estratégia de política monetária utilizada em casos de inflação alta porque desestimula o consumo. Com a Selic mais alta, o valor do crédito sobe. Porém, o cenário é complexo para o país. Com atividade econômica fraca e risco fiscal elevado, o remédio é amargo. O risco é a chamada estagflação — combinação temerária de estagnação econômica com inflação, um dos pesadelos dos economistas.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, vem dizendo que, assim como no ano passado, o movimento de inflação alta é temporário, mas admite que há “mais contaminação nos núcleos” do que o esperado. Ou seja, a pressão nos preços está mais disseminada. Segundo a última ata do Copom e o relatório trimestral de inflação mais recente, divulgado neste mês, a inflação deve chegar a um pico no meio deste ano, passando da casa dos 7% no acumulado e cedendo no segundo semestre. Para o ano que vem, o mercado estima inflação de 3,60%, próxima ao centro da meta, de 3,50%.

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Crescimento do país

Além da previsão de inflação maior e juros mais altos, o Boletim Focus revisou a expectativa para o crescimento do PIB. Após sete semanas de queda, os economistas passaram a prever recuperação melhor da economia, com crescimento de 3,09% para este ano. No início de 2021, entretanto, o mercado chegou a projetar alta de 3,50%.

A magnitude da pandemia no país e a vacinação, que até então caminhava a passos lentos pesam nas estimativas. Na última semana, entretanto, com a aceleração da campanha de imunização, restrição menor de estados e municípios, bem como uma desaceleração no número de óbitos, foi aberto espaço para uma perspectiva melhor.

Vale lembrar que a volta da atividade econômica depende do andamento das reformas, essencial para melhorar o ambiente de negócios e para destravar investimentos, estimulando assim a recuperação. Há sinalizações do Congresso sobre reforma administrativa e tributária, mas o fato é que o risco fiscal continua grande. Os gastos fora do teto devem ultrapassar os 100 bilhões de reais neste ano, pesando nas tão combalidas contas do país.

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