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Unesco tomba Sítio Burle Marx, no Rio, como patrimônio mundial

Com mais de 3 500 espécies de plantas, a propriedade que sintetiza a obra do paisagista é o 23º bem brasileiro a integrar a lista do órgão vinculado à ONU

Por Tamara Nassif 27 jul 2021, 12h37

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu o Sítio Roberto Burle Marx, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, como Patrimônio Mundial nesta terça-feira, 27. De valor inestimável para a botânica e o paisagismo, o espaço é agora o 23º patrimônio brasileiro a receber a honraria.

Em reunião realizada em Fuzhou, na China, o Comitê do Patrimônio Mundial do órgão vinculado à ONU constatou o “valor excepcional universal” da obra de Burle Marx, que, por meio da inventividade do movimento modernista associada a trabalhos inestimáveis na catalogação de espécies tropicais e subtropicais, criou o aclamado conceito de “jardim tropical moderno”. A decisão representa a consagração mundial do legado pessoal do paisagista e pintor brasileiro, figura múltipla da arte moderna nacional.

Sítio Burle Marx, localizado na Barra de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro
Sítio Burle Marx, localizado na Barra de Guaratiba, zona oeste do Rio de Janeiro (Oscar Liberal/SRBM/.)

“O Sítio Roberto Burle Marx é certamente uma obra de arte, onde as paisagens são o elemento de maior destaque, ligando todo o conjunto com poderosa personalidade”, diz Claudia Storino, diretora do espaço, em comunicado enviado à imprensa. “Os espaços ajardinados do Sítio materializam tanto os princípios paisagísticos da obra de Burle Marx quanto os processos de análise, cultivo e experimentação que impulsionaram a criação do paisagismo tropical moderno.”

A origem do sítio data do século XVII, originalmente batizado de Fazenda ou Engenho da Bica pela proximidade com fontes de água que atendiam à população local, na região de Barra de Guaratiba. A construção da capela de Santo Antônio, em meados de 1681, lhe atribuiu outro nome: Engenho Santo Antônio da Bica, e, depois, Sítio Santo Antônio da Bica. Passados mais de 200 anos, Roberto e o irmão Guilherme Siegfried Burle Marx compraram, em 1949, o primeiro terreno que hoje integra o espaço, na busca de um ambiente que unisse boa diversidade de espécies, solos adequados para cultivo e trabalho botânico, rochas expostas, água em abundância e com um entorno a salvo de projetos de especulação imobiliária. Reunindo os ecossistemas manguezal, restinga e Mata Atlântica, o Sítio foi casa de Burle Marx em seus últimos anos de vida, de 1973 a 1985, até ser doado ao governo federal pelo próprio paisagista. Ele hoje está sob tutela do Iphan, autarquia vinculada ao Ministério do Turismo

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VARIEDADE - O ateliê de Burle Marx (1909-1994) no Rio
VARIEDADE - O ateliê de Burle Marx (1909-1994) no Rioleo (Claus Meyer/Tyba/Divulgação)

“Deus, para mim, é a natureza”, disse certa vez Burle Marx, cuja vida de relação estreita com as plantas culminou em trabalhos esplendorosos nas áreas da botânica e do paisagismo. O Sítio é o mais eloquente representante do pensamento do paisagista: com mais de 3 500 espécies de plantas organizadas em viveiros e jardins, algumas destas descobertas pelo próprio Burle Marx, o espaço é um dos mais importantes acervos naturais do mundo. Além disso, também reúne pinturas, esculturas, cerâmicas e tapetes feitos pelo artista, somados a centenas de outras peças de arte representantes de coleções cusquenhas, pré-colombianas, sacras e popular-brasileiras. Na área de 405 000 metros quadrados, também há sete edificações, seis lagos e uma vasta biblioteca.

23º representante brasileiro na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco, o Sítio Burle Marx faz companhia à cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, e aos centros históricos de Olinda (PE) e Salvador (BA). As ruínas de São Miguel das Missões, no Rio Grande do Sul, também foram tombadas pela Unesco.

O paisagista de bigode simpático também foi responsável pelos jardins de espaços como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), o Eixo Monumental de Brasília, o Aterro do Flamengo, no Rio, e a Embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos. Morto em 1994, vítima de uma embolia pulmonar, Burle Marx deixou um legado de mais 2 000 jardins projetados Brasil afora – e um que entra, agora, para o panteão de patrimônios mundiais.

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