Tony Ramos diz que ainda tem Friboi na geladeira
Ator rompeu contrato com a JBS após delações, mas vê com cautela boicote à empresa: ‘São 200.000 funcionários’

Como antecipado por VEJA, Tony Ramos não é mais garoto-propaganda da Friboi. Apesar disso, o ator diz que continua a consumir o produto que anunciava e vê com cautela o boicote convocado por usuários das redes sociais, pelo fato de Joesley Batista estar implicado em esquemas de propina e corrupção. “Não tenho opinião formada. Boicote é um direito de cada um”, diz. “Eu me preocupo com os mais de 200.000 empregados da empresa.”
Tony Ramos diz também não se arrepender das campanhas que protagonizou, e que agora deixará de estrelar. “Meus advogados estão nas tratativas. O material que está nos rincões do país leva até 30 dias para ser retirado”, conta.
“Eu não me envergonho da campanha que eu fiz. Eu não tenho nada a esconder. Não havia nada contra aquela carne que eu anunciava. A carne é ótima, eu tenho em casa até hoje. Tenho acém para fazer de panela”, afirma. “Agora, com essa delação que surpreende a meio mundo, a mim duplamente, não havia mais clima a continuar.”
Procurada pela reportagem, a JBS, dona da marca Friboi, informou que não comentaria o rompimento do contrato de Tony Ramos com a empresa.
Os consumidores já perceberam nas prateleiras dos supermercados uma mudança na estratégia de marketing da empresa. Produtos que eram embalados com a etiqueta Friboi passaram a ser identificados com a marca Do Chef. A empresa nega que a mudança seja uma forma de esconder a marca Friboi, alvo de pedidos de boicote por parte dos consumidores.
Empresa endividada
A JBS anunciou nesta terça-feira um plano de desinvestimento de 6 bilhões de reais. O plano prevê a venda da participação acionária na Vigor e na Moy Park (empresa europeia de alimentos prontos), além de fazendas e da operação da Five Rivers Cattle Feeding – braço de confinamento de bovinos nos Estados Unidos e Europa.
Entre os compromissos financeiros da empresa está o pagamento da multa de 10,3 bilhões de reais, prevista no acordo de leniência firmado entre a holding J&F e o Ministério Público Federal. A multa será paga em 25 anos.
Na semana passada, a JBS comunicou a nomeação do diretor-presidente da Vigor, Gilberto Xandó, para o lugar de Joesley Batista no seu Conselho de Administração. Joesley renunciou ao posto no dia 26 de maio, após as gravações que fez do presidente Michel Temer e do senador Aécio Neves (PSDB-MG) virem à tona. Em delação premiada, o empresário diz que Temer consentiu com a compra do silêncio do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Gravações feitas pela Polícia Federal mostram o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), próximo de Temer, recebendo uma mala de 500 mil reais da JBS. A gravação foi feita logo depois de Joesley gravar Temer indicando Loures como homem da sua confiança.