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Sul-coreanos criticam Berlinale por convidar acusado de abuso

Diretor Kim Ki-duk foi acusado de agressão física e abuso sexual por uma atriz e condenado a pagar 5 milhões de wons (4.600 dólares) por violência física

Por agência France-Presse
15 fev 2018, 12h31

Mais de 100 organizações civis sul-coreanas criticaram o Festival de Berlim, que expressou apoio à campanha #MeToo contra o abuso das mulheres, e ao mesmo tempo convidou o diretor Kim Ki-duk, acusado de agressão física e abuso sexual. Um dos cineastas mais conhecidos da Coreia do Sul, Kim já recebeu um Leão de Ouro no Festival de Veneza por Pietá (2012) e um Urso de Prata de diretor em Berlim por Samaritana (2004).

Em dezembro, uma atriz que pediu anonimato denunciou à Justiça abusos físicos e sexuais do diretor durante uma filmagem. Segundo ela, Kim a agrediu e a obrigou a rodar cenas nuas e de sexo que não estavam no roteiro de Moebius (2013), antes de substituí-la por outra atriz. Kim, de 56 anos, foi condenado a pagar 5 milhões de wons (4.600 dólares) por agressão física. As outras acusações, incluindo a de assédio sexual, não foram aceitas com a alegação de falta de provas. A atriz, que depois das filmagens encerrou uma carreira de 20 anos, apelou da decisão sobre o abuso sexual.

Kim admitiu que dar tapas era parte do aprendizado. Seu filme mais recente, Human, Space, Time and Human, será exibido no Festival de Berlim, que começa nesta quinta-feira.

“Estamos vivendo nesta injusta realidade, em que o autor de um ataque físico trabalha e é bem-vindo em qualquer parte como se nada tivesse acontecido, enquanto a vítima que denunciou o abuso é isolada e marginalizada”, escreveram em um comunicado 140 organizações da sociedade civil, que incluem grupos de defesa dos direitos da mulher, dos direitos humanos e de ajuda às vítimas.

O diretor da Berlinale, Dieter Kosslick, afirmou que a edição deste ano do festival servirá de “fórum” para discutir como combater o abuso contra as mulheres na indústria de cinema.

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Kosslick disse que a organização do evento não aceitou os trabalhos de cineastas acusados de “maneira grave” de abusos sexuais.

“Por que, então, a Berlinale é indulgente com Kim, estendendo o tapete vermelho para ele e para seu filme?”, questiona o comunicado, que acusa os organizadores do festival de “consentir e endossar” o comportamento de Kim.

A organização do festival afirmou que as alegações de abuso sexual foram rejeitadas e que o evento “se opõe e condena toda forma de violência, ou de má conduta sexual”.

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