Sequência de ‘Contágio’ será ‘meio filosófica’, diz Steven Soderbergh
Próximo filme será como "um par, mas de cor de cabelo diferente" em relação ao original, de 2011, relembrado este ano durante da pandemia

Contágio (2011), longa-metragem que foi relembrado no início da quarentena pelas semelhanças entre a pandemia ficcional e a instaurada pelo coronavírus, terá uma sequência “meio filosófica” e em um “contexto diferente”, disse o diretor Steven Soderbergh, que também dirigiu Onze Homens e Um Segredo (2001) e Erin Brockovich (2000).
“Você vai olhar para os dois filmes como se fossem pares, mas de cores de cabelo bem diferentes”, contou Soderbergh ao podcast Happy Sad Confused, programa do americano Josh Horowitz que entrevista figurões de Hollywood. “Estávamos nos perguntando: ‘Como será a próxima iteração de uma história como Contágio?’ e estamos trabalhando nisso. Provavelmente deveríamos dar uma acelerada nesse processo.”
Pouco tempo depois da eclosão da pandemia e da instauração de lockdowns e quarentenas ao redor do mundo, filmes como Contágio ganharam relevância pelo “caráter premonitório”. No longa de 2011, a semelhança com 2020 é, de fato, um ponto fora da curva: em uma província chinesa, surge um vírus (o fictício MEV-1) que se embrenha mundo afora a partir de pessoas contagiadas em um aeroporto. Após um período inicial de resistência em alarmar populações, a rápida escalada de contágio – e, consequentemente, de mortes – coloca o planeta em alerta, em uma onda devastadora de pânico que se levanta quando fica claro que a doença é gravíssima.
A evolução da pandemia de Contágio não foi imaginada, mas elaborada com o auxílio de pesquisadores do americano Centro de Controle e Prevenção de Doenças, com consultores virologistas e infectologistas. Dado o embasamento científico, o roteirista Scott Burns, em entrevista em março deste ano, diz achar “esquisito” quando ouve espectadores surpresos com “o quão assustadora é a semelhança entre ficção e realidade”.
“Eu não acho tão surpreendente assim, porque todos os cientistas com quem conversei para o filme – e foram muitos – disseram ser uma questão de ‘quando’, não ‘se’. Então, como alguém que acredita em ciência, eu acho que, quando os cientistas nos dizem essas coisas, nos faria bem em ouvir”, disse o roteirista.