
O português Antonio Joaquim Fernandes apenas sonhava com a carreira musical quando seu professor de canto lhe sugeriu, por razões inusitadas, a adoção de certo nome artístico. O aluno deveria se rebatizar de “Roberto” porque estaria destinado a ser “o Roberto Carlos dos portugueses”. E a maior qualidade daquele menino aplicado e pontual nas aulas deveria ser destacada no sobrenome: “Leal”. O resto da história de Roberto Leal é familiar aos brasileiros. A partir dos anos 70, ele seria o maior embaixador da música de Portugal no Brasil. Fez imenso sucesso com canções como Arrebita e Bate o Pé, cujas coreografias animadas se tornaram obrigatórias nos programas de auditório.
Nascido num povoado no norte de Portugal, em 1951, Leal enfrentou dificuldades na infância e na adolescência. O pai passava fome para poder alimentar os dez filhos. Em 1962, ele e a família emigraram para o Brasil, em busca de uma vida melhor. Leal — um homem extremamente católico — trabalhou como sapateiro e feirante até se aventurar na carreira de cantor. O “Rei de Portugal”, como era chamado pelo apresentador de TV Chacrinha, vendeu 17 milhões de discos em quatro décadas. Três anos atrás, ele foi diagnosticado com melanoma, um tipo de câncer de pele agressivo. A doença evoluiu, afetou o movimento de suas pernas e provocou um quadro de insuficiência renal. Ele também perdeu a visão do olho direito, em razão de uma catarata. Morreu no domingo 15, aos 67 anos, das complicações do câncer, em São Paulo.
Publicado em VEJA de 25 de setembro de 2019, edição nº 2653