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Rita Lee: ‘A humanidade, sim, tem sido o grande vírus’

Em texto inédito feito especialmente para VEJA, a cantora fala da pandemia 'voodoo' e da percepção de sempre ter pertencido ao chamado 'grupo de risco'

Por Rita Lee
Atualizado em 29 Maio 2020, 12h06 - Publicado em 29 Maio 2020, 06h00

Fazer parte do grupo de risco por eu ter 73 anos pode ser uma chatice, mas não para mim. Não vou morrer desse vírus voodoo e peço ao Universo que minha morte seja rápida e indolor, de preferência dormindo e sonhando que estou com minha família numa praia do Caribe.

É sequência natural que velhos morram antes de jovens e crianças, mas não precisava ser nesta situação apocalíptica de fim do mundo, apavorando vovôs e vovós. Os milhares de corpos que temos visto empilhados em cemitérios precários e caminhões frigoríficos expõem os humanos a mais um perigo, contaminando o solo por sei lá quanto tempo com um vírus cuja consequência é desconhecida. Não seria melhor uma nova lei para organizar uma cremação desses corpos? Há séculos o fazem na Índia e com o maior respeito, tudo diante de um fogo sagrado que transforma os defuntos em cinzas e higieniza o planeta Terra.

Pensando bem, eu sempre fui considerada grupo de risco. Desde que entrei para o mundo da música, fui a artista mais censurada na época da ditadura no país, por ser tida como uma mulher perigosa para os bons costumes da família brasileira.

Fui grupo de risco no colégio, quando me arrisquei tascando fogo no cenário do teatro por ter sido rejeitada para fazer o papel de Julieta.

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Sou grupo de risco desde que luto contra os donos do poder, declarando meu repúdio aos maus-tratos de animais em rodeios, circos, aviários, matadouros, zoológicos, touradas, vaquejadas, ao contrabando de bichos silvestres, aos criadores gananciosos, às rinhas de galos e cachorros e a zilhões de outras barbaridades cometidas pela raça humana, que trata animais como objetos.

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Desde que deixei os palcos, há oito anos, vivo confinada na minha toca, numa casinha no meio do mato cercada de bichos e plantas, só saindo para ir ao dentista, fazer supermercado, comprar ração para meus animais e, eventualmente, visitar meus netos. Hoje, faço tudo pela internet e rezo para não quebrar um dente. Sou parte de um grupo de risco saudável e esperançoso, por acreditar que esta pandemia faz parte de um propósito Divino para conscientizar a raça humana a respeitar nossa Nave Mãe Terra de toda a destruição que vem sofrendo, em todas as suas formas de vida. E revelando que a humanidade, sim, é que tem sido o grande vírus, fazendo o Jardim do Éden, nossa Mamãe Natureza, virar o maior grupo de risco.

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Desejo a todos saúde física, mental, psicológica e espiritual.

P.S.: aproveite a quarentena e adote um bichinho. O melhor amigo.

Publicado em VEJA de 3 de junho de 2020, edição nº 2689

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