Quentin Tarantino diz que sabia de casos de assédio de Weinstein
'Eu sabia o suficiente para fazer mais do que eu fiz', afirmou o diretor, após acusações contra o produtor de Hollywood
O diretor Quentin Tarantino admitiu que sabia de casos de assédio e abuso do produtor Harvey Weinstein. Em entrevista ao jornal americano The New York Times, ele afirmou: “Eu sabia o suficiente para fazer mais do que eu fiz. Era mais do que os rumores comuns ou fofocas. Soube de algumas coisas que ele tinha feito”.
Tarantino revelou à publicação que estava namorando com a atriz Mira Sorvino, uma das mais de quarenta mulheres que acusaram Weinstein de assédio na última semana, quando o produtor a perseguiu em um quarto de hotel. O diretor afirmou que ficou assustado quando soube da notícia pela parceira, mas considerou um caso isolado. Além disso, contou que sabia que o produtor havia estuprado a atriz Rose McGowan e feito um acordo, para que ela não falasse publicamente sobre o crime.
“Gostaria de ter tomado responsabilidade pelo que eu ouvi. Se eu tivesse feito o certo, não teria trabalhado com ele”, afirmou o diretor, que já colaborou com Weinstein em diversas produções, como Pulp Fiction, a franquia Kill Bill e Os Oito Odiados. “Minimizei os incidentes. Tudo o que eu disser agora parecerá uma desculpa fajuta”, disse. “Estou chamando todos os homens que conheço para não terem medo. Não desistam de fazer suas declarações. Reconheçam que havia algo de errado.”
Novas acusações
Depois de especiais do The New York Times e da revista The New Yorker, que traziam dossiês sobre casos de assédio de Harvey Weinstein, atrizes e modelos de Hollywood começaram a falar sobre o abuso que sofreram dentro do ambiente de trabalho.
Nesta quinta-feira, Lupita Nyong’o escreveu um texto para o The New York Times relatando que vivenciou situações inadequadas com o produtor. Em 2011, quando era uma estudante de teatro na Universidade de Yale, conheceu Weinstein, que a convidou para uma sessão privada de um filme em sua casa. Na ocasião, o produtor teria pedido para massageá-la e afirmou que estava com vontade de tirar a calça. “Senti uma grande onda de raiva, porque a experiência que descrevi não foi um incidente único comigo, mas sim uma parte de um padrão sinistro de comportamento”, afirmou Lupita.