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Protestos marcam palestra da filósofa Judith Butler no Sesc

Boneca vestida de bruxa com rosto da filósofa foi incendiado no local

Por Da redação
Atualizado em 7 nov 2017, 19h15 - Publicado em 7 nov 2017, 12h00

O seminário sobre democracia que recebe a filósofa americana Judith Butler no Sesc Pompeia, aberto na manhã desta terça-feira, em São Paulo, foi marcado pela presença de dezenas de manifestantes. Grupos contrários à presença da filósofa no evento, que vai até quinta-feira, levaram bandeiras do Brasil, placas pelo fim da “ideologia de gênero” e uma boneca vestida de bruxa, com o rosto de Butler, na qual atearam fogo. Manifestantes que defendem Butler também estão no local. A polícia formou um cordão de isolamento entre os dois grupos.

Referência mundial nos estudos de gênero por ter cunhado o conceito de “performatividade de gênero” (leia abaixo), Judith veio, na verdade, falar de política. Ela está lançando o livro Caminhos Divergentes – Judaicidade e Crítica do Sionismo (Boitempo) e foi convidada para o seminário Os Fins da Democracia, organizado pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com a Universidade de Berkeley, onde a filósofa faz parte do corpo docente. 

Nesta segunda-feira, Judith Butler saiu escoltada por seguranças de outro evento. Ela participou da conferência Por uma Convivência Democrática Radical, organizada pela Universidade Estadual de São Paulo (Unifesp). O debate acadêmico, realizado em parceria com a editora Boitempo, foi interrompido por uma manifestante, com frases como “Deixem as nossas crianças em paz” e “Menino nasce menino e menina nasce menina”. A americana reagiu com bom humor e chegou a observar que não estava ali discutindo sobre gênero. 

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Por recomendação da equipe de segurança, Judith não participou da noite de autógrafos do próprio livro e saiu do local antes do fim do evento.

Quem é Judith Butler

Judith Butler redesenhou o campo de estudos de gênero na década de 80, ao propor a identificação de uma pessoa como “homem” e “mulher” como algo socialmente construído, fluido, e não uma “consequência” automática do sexo biológico. A tese ficou conhecida como Teoria Queer, que aborda nos livros Problemas de Gênero – Feminismo e Subversão da Identidade, Relatar a Si Mesmo, entre outros. Atualmente, Butler dá aulas na Universidade de Berkeley, na Califórnia.

Para Judith Butler, ninguém nasce com um determinado gênero (masculino ou feminino), mas o compõe de forma performativa. A filósofa, uma referência mundial no tema, é citada por diversos livros e estudos universitários e também em texto explicativo da mostra Histórias da Sexualidade, em cartaz agora no Masp, que contou com a curadoria da antropóloga Lilia Schwarcz.

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Ato contra e a favor de Judith Butler em SP
Manifestantes da Direita São Paulo vão à porta do Sesc Pompeia, na Zona Oeste, manifestar-se contra a filósofa americana Judith Butler – 07/11/2017 (Fábio Vieira/FotoRua/Folhapress)
Ato contra e a favor de Judith Butler em SP
Manifestantes apoiadores e contrários à filosofa pós-estruturalista americana Judith Butler fazem um ato em frente ao Sesc Pompeia, na Rua Clélia, Zona Oeste de São Paulo – 07/11/2017 (Fábio Vieira/FotoRua/Folhapress)
Ato contra e a favor de Judith Butler em SP
Manifestantes em prol da liberdade individual e de gênero protestam contra o ato de repúdio à filósofa americana Judith Butler, em frente ao Sesc Pompeia, Zona Oeste de São Paulo – 07/11/2017 (Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress)
Ato contra e a favor de Judith Butler em SP
Manifestantes contra e a favor da filósofa Judith Butler fazem um ato em frente ao Sesc Pompeia, na Rua Clélia, Zona Oeste de São Paulo. 07/11/2017 (Fábio Vieira/FotoRua/Folhapress)
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