Pesquisa aponta que mais da metade dos brasileiros não lê livros
'Retratos da Leitura no Brasil' observou queda de 6,7 milhões de leitores nos últimos quatro anos e aumento do desinteresse na leitura em geral
Os resultados da 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil foram divulgados em primeira mão a VEJA nesta terça-feira, 19 de novembro, e apontam declínio no interesse em livros. Segundo os dados, houve queda de 6,7 milhões de leitores ao longo dos últimos quatro anos e, pela primeira vez desde o começo do censo, em 2001, a porcentagem daqueles que não tocam em páginas é maior do que a daqueles que leram ao menos parte de um livro físico ou digital: 53% dos brasileiros com 5 anos ou mais (107,6 milhões de pessoas) não leram nenhum material publicado pelo mercado editorial, ou seja, nenhum livro de ficção, não ficção ou autoajuda, nenhum calhamaço didático, nenhuma história juvenil e nem mesmo uma passagem religiosa da Bíblia ao longo dos três meses que antecederam a pesquisa. Para a leitura de livros inteiros, o percentual é ainda menor: 73% dos brasileiros (148 milhões) não completaram nenhuma leitura.
A última pesquisa, divulgada em 2020, apontava que 52% dos brasileiros haviam lido ao menos parte de uma obra e que 31% havia completado uma leitura nos três meses que a antecederam. Dentro dos leitores, a média de livros lidos no período também caiu de 2,6 para 2,04. A média de obras completadas, por sua vez, não chega a 1 — é de 0,82.
O censo mais recente foi realizado em 208 municípios e teve amostra de 5.504 entrevistados. A realização é do Instituto Pró-Livro, tem incentivo fiscal da Lei Rouanet e é patrocinada pelo Itaú Unibanco com apoio da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Já o responsável pelo levantamento foi o Instituto Ipec – Inteligência em Pesquisa e Consultoria.
A queda de leitores ocorre também dentro de todos os recortes por faixa etária, gênero, escolaridade, classe, renda e escolaridade. Para a coordenadora da pesquisa, Zoara Faila, as observações suscitam debate: “As principais questões que gostaríamos de deixar para refletirmos são: por que temos tão poucos leitores? Os interesses e hábitos de leitura revelados por essa ‘radiografia’ podem explicar se estamos formando leitores críticos e que compreendem plenamente o que leem, essenciais para nosso desenvolvimento social, humano e nossa democracia? E como melhorar esse retrato?”.
Levantamento por região
Olhando para as regiões do país, a Sul é a única que mantém maioria de leitores, com 53% da população. Confira o ranking:
- Sul: 53%, comparado a 58% em 2019
- Norte: 48%, comparado a 63% em 2019
- Centro-Oeste: 47%, comparado a 46% em 2019 (único avanço)
- Sudeste: 46%, comparado a 51% em 2019
- Nordeste: 43%, comparado a 48% em 2019
Mais informações sobre a pesquisa podem ser acessadas no site oficial.
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